A EXECUÇÃO DO INQUISIDOR

A EXECUÇÃO DO INQUISIDOR

Wellington, desde a infância, apresentava vocações religiosas. Atendendo aos seus compromissos assumidos antes de retornar à esfera material, o nosso irmão dedicou-se aos estudos teológicos e dos dogmas da sua religião cristã. Formado, decide levar alívio às dores e à miséria aos povos de terras estrangeiras.

O nosso irmão missionário foi bem recebido, mesmo tratando-se de um país onde a religião, não cristã, se confundia com o estado, pois havia a tolerância e o respeito a todos.

Porem, o país é invadido por um grupo paramilitar extremista. Uma das características desse grupo é a enorme intolerância a todos aqueles que não comungam dos seus entendimentos religiosos.

Assim sendo, Wellington e outros tantos irmãos feitos prisioneiros foram condenados à morte, sendo queimados vivos.

Tempos depois, do outro lado da vida, Wellington acorda diante de um grupo, também de desencarnados, que juravam vingança aos membros do citado grupo extremista. Com o despertar do nosso irmão, os vingadores, mergulhados em ódio, convidaram-no para engrossar as fileiras da suposta justiça.

Porem, Wellington não aceita, explicando-se:

- Queridos irmãos. Ao odiarmos aquele quem nos faz mal, igualamo-nos a ele e ajudamos a perpetuar o contrário do bem. Além disso, eu mereci o ocorrido.

Se hoje tive a felicidade de por em prática a Lei de Amor a tantos irmãos que cruzaram o meu caminho, o meu passado foi bem diferente.

Em outras existências fui cristão, sendo fiel e leal soldado da Cruz. Primeiro, levei a imagem do Crucificado nas Cruzadas, impondo-a à força e ao preço de sangue inocente.

Também já fui profundo conhecedor daquilo que supunha, em vão, ser a verdade. Em nome dessa verdade, persegui e amedrontei. Com o tempo, ganhei a confiança dos meus líderes que, então, nomearam-se juiz da inquisição.

Nessas funções, condenei e encaminhei muitos à fogueira.

Logo, o que aconteceu, foi o final pagamento de uma dívida que tinha com tanta gente, com o Alto e, acima de tudo, comigo mesmo.

Que Jesus nos abençoe

Rio de janeiro, 27 de Julho de 2016