A verdadeira religiosidade

'Brilhe a vossa luz.'

(Jesus)

Freud dizia que a religião representava a infância da Humanidade, e muitos pensadores afirmam que a evolução

intelectual dos seres humanos conduzirá a uma nova era, em que os indivíduos não precisarão mais do sentimento religioso.

O dogmatismo e a opressão religiosa representam realmente uma espécie de infância da sociedade, mas a verdadeira

religiosidade nunca desaparecerá, porque é um estágio superior de desenvolvimento da consciência. A prática religiosa envolve

três elementos: doutrina (conjunto de idéias que formam a base teórica de cada religião), prática ritualística (formas de culto

através das quais os indivíduos expressam a sua fé) e prática vivencial (esforço de cada adepto de colocar em prática aquilo em

que acredita). Todos eles são importantes, mas a vivência é a base que diferencia os verdadeiros seguidores. O que adianta

acumular muito conhecimento e participar de rituais exteriores se tivermos uma vida estéril de atitudes benéficas, se

permanecermos inalterados, com as mesmas falhas e comportamentos equivocados ao longo da vida ? A Humanidade não necessita

apenas de mentes que colecionam idéias, mas de corações e braços capazes de realizar algo de útil, pois a fé verdadeira é

somente aquela que se materializa em obras e que consegue manter vivo o otimismo e a esperança, enxergando um futuro

melhor além do horizonte das imperfeições e fraquezas humanas. Sathya Sai Baba, o grande líder espiritual da Índia, dizia que

o mundo atual precisa muito mais dos braços que trabalham do que das bocas que oram.

As religiões existem para nos informar a respeito do sentido da vida e da nossa verdadeira missão na Terra, e para

transformar as nossas vidas em algo positivo e harmonioso, criando cidadãos conscientes e ativos na prática do bem. Devemos

viver no mundo com equilíbrio, sem recusar nem abusar dos recursos e oportunidades que a vida nos oferece, seguindo o que o

apóstolo Paulo escreveu em sua Primeira Epístola aos Coríntios: a ciência se multiplica, mas somente o amor edifica. E devemos

compreender que só poderemos promover o amor e o bem se eles reinarem em nossa alma, pois ninguém pode realizar fora de si

o que ainda não construiu dentro de si mesmo.

O amor é a fonte de todas as virtudes, e todas as virtudes se fundem no amor. A espiritualização leva obrigatoriamente

ao despertamento do amor, ao desejo da prática do bem, da justiça e da autotransformação constante, fazendo surgir em nós um

espírito assistencial e um prazer de auxiliar o próximo. O indivíduo espiritualizado semeia a caridade, a paz e o

esclarecimento em toda a parte, contribuindo todos os dias para a criação de uma sociedade melhor, agindo sem exigir

resultados, respeitando a vontade e as limitações de cada um, vendo em si mesmo um instrumento de Deus para a implantação

do Reino do Amor, da Justiça e da Caridade no Planeta e nos indivíduos de todas as crenças e condições irmãos com a mesma

missão e o mesmo potencial, ligados a movimentos e idéias diferentes mas unidos pelo mesmo objetivo essencial.

Quem aprende a educar a sua consciência no caminho do amor e do trabalho construtivo sente a necessidade de

viver com retidão, realizando sempre o melhor possível para todos, fazendo da prática do bem um automatismo positivo, que

estará para sempre gravado na intimidade de sua alma como uma aquisição para a eternidade. O praticante da caridade

nunca se cansa de aprender, de questionar todas as coisas para se aperfeiçoar e alcançar resultados cada vez melhores e de

multiplicar suas ações benéficas e renovadoras, enfraquecendo e superando os seus defeitos através do autoconhecimento. Educar a

própria alma, transformando-se num ser melhor a cada dia, semeando ações construtivas, ensinando e praticando a verdade,

edificando o mundo de amanhã - eis a verdadeira religiosidade, que um dia unirá a todos numa mesma família universal.

O escritor Berthold Brecht disse: 'Não basta ter sido bom ao deixar o mundo. É preciso ter deixado o mundo melhor.'

O que estamos fazendo para tornar o mundo melhor ?

Um dia todos compreenderão que não existe um tesouro maior do que a paz da consciência e uma alegria mais plena

do que a certeza de que realizamos o melhor possível, fazendo brilhar a nossa luz interior, transformando-nos num foco de luz

para todas as criaturas e transformando a nossa vida numa trajetória abençoada em meio aos obstáculos e desafios do mundo.

Amar verdadeiramente, agir corretamente no limite das nossas possibilidades e aperfeiçoar as ações continuamente são

as chaves para uma vida plena e agradável a Deus e o caminho definitivo para renovar o mundo renovando a nós mesmos.

masaharu emoto
Enviado por masaharu emoto em 30/11/2016
Reeditado em 29/12/2016
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