Fragmento dos últimos capítulos de Estrela que o vento soprou.

Tomou o pequeno livro aberto da mão do anjo que está sobre o mar e escreveu ali o nome de Ravenala Palmeira.
— Quem é está? Não conheço a história dela! Não acrescente nada, sem prévia averiguação —  disse São Miguel Arcanjo.
— Já estava escrito: ‘Esta menina será frondosa como uma palmeira, e quando soprar o vento Norte, navegará os sete mares e será muito aplaudida. O som de seu trompete é um acalanto para a alma de quem dela se aproxima, e toda a Terra conhecerá seus feitos.’
— Que fez ela  para merecer o céu?
— Acalmou almas aflitas com o som de seu trompete.
— Preciso consultar São Pedro — disse o anjo deixando sua balança no balcão de atendimento.
— Vá direto ao Tocador de Flauta. É amigo dela.
— Aquela menina, aquela menina que teve dois maridos e que estava sendo levada a  contragosto, à zona de prostituição?
—  Sim a contragosto...
— Então não pecou...
— E os dois maridos?
— Três! Mas nos dois primeiros casos, se ela soubesse a verdade, não teria consentido. Só o último é seu verdadeiro marido.
O Bom Pastor pôs o polegar direito sobre uma gota de sangue que escorria de sua testa e selou a petição com o símbolo real. E repetiu as palavras: ‘Filha, vou te levar para a  casa Pai.
— Mas não ela ainda não chegou aqui no céu.
— Sei. Ela está nas Ilhas de  Salomão.
— Deferido — disse São Pedro — A casa de meu Pai tem muitas moradas.
Robert meneou a cabeça afirmativamente: “O Deus que colocou gigantesca árvore dentro de uma  semente, pode colocar todo o universo num dedal.”

***
Texto: Adalberto Lima.
Imagem: Internet