Criando leões

Criando Leões

Durante sua caminhada matinal em direção a escola, Júlio andava a beira da rodovia federal que liga a cidadezinha onde mora á capital, quando de repente avista um saco de estopa amarrado com uma cordinha, mexendo e remexendo.

Tal visão por si própria é de matar de curiosidade qualquer ser humano normal deste planeta, imagine só pra um garotinho de 8 anos do interior.

Eu, caros amigos, poderia ir direto ao assunto do saco, mas antes gostaria de falar também um pouco sobre jogadores de xadrez. Vocês sabiam que depois do aprendizado inicial, o nome de cada pedra, como as peças percorrem no tabuleiro, depois ainda de uma iniciação as táticas do jogo, inicia-se um treinamento que consiste em escolher um movimento, analisar as conseqüências, prever os possíveis movimentos do adversário, analisar as conseqüências, e daí por diante. Este jogo pode demorar dias, meses, e por isso em campeonatos mundiais limitam-se cada lance em três horas.

Nota-se que o último campeão mundial, alega prever sessenta jogadas de seu adversário.

Vocês já sabem o que tem dentro do saco?

Sabem ou não?

Vocês acham que o Júlio abriu o saco?

Muito bem, Júlio abriu o saco, e eis que ele se depara com um lindo filhotinho de leão, aliás, que ele foi descobrir que era um leão só quando sua mãe viu o pequeno Júlio se divertindo com o bichano. Ao relatar o ocorrido ao seu marido, este se lembrou imediatamente do circo que estava instalado na cidade.

Provavelmente este filhote foi descartado para que sua mãe não ficasse nervosa por estar longe do filhote e atrapalhasse o espetáculo do pequeno circo.

Júlio, após consentimento dos pais, criava a cada dia mais intimidade com aquele pequeno felino, e por se parecer muito com um gatinho fazia mil e uma travessuras com seu mais novo amiguinho. Ele amarrava a boca do bicho, segurava pelas orelhas, fazia cair segurando as patinhas de trás e por ai á fora.

Más ninguém se lembrou de alguns detalhes básicos.

1º O tempo não para,

2º Aquela criatura que estava dentro do saco, não era um gatinho, era um leão.

Ao completar 10 anos nosso amigo Júlio, não tinha mudado muito fisicamente, já nosso leãozinho pesava quase quatrocentos quilos!!!

Imaginem as poucas e boas que esta família não passou!

Mas o pior ainda estava por vir, distraídos com a festinha de aniversário do pequeno Júlio, não virão a fera se soltar das amarras que lhe mantinham preso, e guiado pelo instinto selvagem correu rapidamente ao sítio vizinho onde havia vários cabritos, atacando sem piedade um deles. O dono do sítio correu furioso a casa de Júlio, e antes que terminasse o relato, Júlio saiu ás pressas em direção a propriedade do vizinho.

Ao avistar seu leão despedaçando o cabrito, Júlio pegou uma vara e foi de encontro daquele que em sua mente era submisso as suas ordens. Faltando poucos metros percebendo a situação de risco, e seguindo seu instinto selvagem o leão atacou ferozmente seu criador e depois fugiu.

Felizmente o animal já tinha saciado sua fome, o que para Júlio foi o que o separou sua vida da morte, depois desse fato todos os vizinhos caçaram e mataram o leão.

Estórias semelhantes a essa, talvez vocês já tenham ouvido falar, o que a princípio “parece” ser inofensivo, vira “trágico”. Não só para Júlio que quis ficar com o leão, mas para os pais, que um dia disseram: “É só um bichinho”

Por isso hoje vamos comparar outra situação que parece inofensiva.

A cervejinha a princípio parece um leãozinho, você brinca com ela faz mil e uma travessuras e nada acontece. Será que quando esse leãozinho crescer você vai conseguir controlar os efeitos sobre você?

E sobre os outros?

E você Pai e Mãe, que vê seu filho brincando com um leãozinho, digo, tomando uma cervejinha e acha que está sobre controle, será que está?

Na estória acima outra vítima foi um cabrito, e se tivesse sido um filho ou filha do vizinho, como controlaria esses efeitos?

Nós, da Pastoral da sobriedade em nossas reuniões, tentamos aprender e a praticar técnicas semelhantes ao do jogador de xadrez, colocando tudo sobre a luz da razão, guiados sobre a força da Palavra de Deus.

Nossa principal intenção para esta Santa Missa e de apresentar novos conceitos, é que humildemente suplicamos a todos que meditem sobre o assunto, pois ele pode ser o divisor entre a alegria e a dor, vida e morte.

Autor: Nelson Neves

Nelson Neves Erba
Enviado por Nelson Neves Erba em 20/09/2007
Código do texto: T660076