O cerco de Samaria - Um lockdown imposto pelos siros

Onri que chegou ao poder não por sucessão, mas pela espada, foi o pai de Acabe. A dinastia de Onri durou aproximadamente 46 anos. Foram reis idólatras, que perseguiram os profetas e levantaram altares a Baal. Jorão, o rei de Israel que culpava Eliseu pelo cerco era um dos netos de Onri. Foi o último dos filhos de Acabe.
2 Reis capítulos 6:-33; 7:1-20 narram o cerco de Samaria e a situação de fome por que passavam os Israelitas. O texto descreve que a cabeça de um jumento era vendida por 80 ciclos de prata, e um pouco de esterco de pombas por cinco ciclos de prata. O que representava muito dinheiro na época.
Segundo o site #TeologizandoaBíblia talvez o esterco fosse usado como combustível, ou pudesse ser comido. Há ainda a possibilidade da expressão se referir a uma planta. O certo é que isso ilustra a que nível chegou a situação.

Passando o rei pelo muro, uma mulher pede socorro ao rei, ao que ele lhe responde:
Se o Senhor te não acode, donde te acudirei eu? Da eira ou do lagar?
Perguntou-lhe o rei: Que tens? Respondeu ela: Esta mulher me disse: Dá teu filho, para que hoje o comamos, e amanhã comeremos o meu.
Cozemos, pois, o meu filho, e o comemos; mas, dizendo-lhe eu outro dia: Dá o teu filho, para que o comamos, ela o escondeu.
Então o rei rasgou suas vestes, e quando o povo passava pelo muro via que trazia pano de saco por dentro, sobre a pele.

                       Um rei sem força nem autoridade

Deparamo-nos aqui com a posição do rei: passando pelo muro.  É retrato do poder político que não consegue dar ajuda ao povo, mas que apenas ostenta a posição. Samaria a capital do reino do norte, era fortificada por muros; neles o rei se sentia “seguro”, mas naquela situação, todos estavam suscetíveis, inclusive o rei. O rei responde ao apelo da mulher já emocionalmente abalada: “Se o Senhor te não acode, donde te acudirei eu? Da eira ou do lagar?”

A fala do rei soa como uma acusação a Deus, como se Deus estivesse ausente. Ele havia esquecido o livramento que Deus dera, através do profeta Eliseu, contra Moabe. Esquecera também que Deus alimentou o povo no deserto com o maná e tirou água da rocha. 
A eira era onde se malhava o trigo, e o lagar onde se pisavam as uvas para a produção do vinho. O trigo fala da palavra e o vinho do Espírito Santo. O rei vivia uma fé artificial, embora ele não fosse tão mal quanto seu pai e sua mãe Jezabel, suas intenções não eram íntegras para com o Senhor. O rei aqui é símbolo de religiosidade exterior que não modifica o interior. O povo passava e via que trazia “pano de saco sobre a pele.” Quando alguém se vestia de pano de saco, significava que estava em profunda tristeza; significava arrependimento.  O jejum e  arrependimento verdadeiro afetam o coração, não apenas o exterior, ‘a pele”. Apesar de se mostrar como alguém que se humilha, suas atitudes são de um descrente. É  liderança sem autoridade, porque não tem alimento espiritual para dar aos famintos. Ao contrário, procurava culpados. É símbolo de um relacionamento  artificial com Deus, na hora da luta procura culpados, não olha pra dentro de si, nem se arrepende. É aquele que busca a Deus apenas por causa da bênção material; ele menciona que a eira e o lagar estão vazios. A sua visão da provisão é apenas material, não vem da confiança em Deus. Jesus ensinou que se buscamos o reino, as demais coisas nos serão acrescentadas.   A descendência de Acabe não buscava a Deus com integridade de coração, mas para seus próprios interesses. No decorrer da História, muitos usaram o nome de Deus para seus projetos pessoais de poder.

O cerco foi consequência do distanciamento de Deus. Deus queria que o povo se voltasse para Ele. Deus permitiu a fome e o cerco para levar o povo ao arrependimento, para que não fossem destruídos. O juízo de Deus serve como didática para educar o espírito caído, mas os homens rejeitam a disciplina. 

                              Nossa mente, muitas vezes inimiga ...

As duas mulheres são aqueles que desorientados, já emocionalmente abalados, procuram por soluções humanas. Na hora da crise é importante mantermos o equilíbrio, confiando na Palavra. Efésios 6:17 fala do capacete da salvação, como uma das peças da armadura do cristão. O capacete protege a cabeça dos ataques e das quedas, assim como a palavra da Salvação nos traz segurança no dia mal. É blindar nossos pensamentos com a palavra de Deus.
O psiquiatra Augusto Cury disse que “ a mente mente!.” Devemos nos lembrar disso na hora dos ataques de ansiedade e rebater com a palavra de Deus. Aquelas mulheres se desesperaram diante dos fatos que pareciam fora do controle de Deus.
Tal qual o servo de Eliseu que temeu quando se viu rodeado pelo exército inimigo, muitos na hora da luta, são sufocados por fatos e notícias e não conseguem enxergar a realidade do reino espiritual. Os milagres são concebidos no reino espiritual primeiro, depois se realizam no mundo visível. A igreja fiel é guiada pelo que não vê, por isso ela é forte. Eliseu orou para que os olhos espirituais do seu servo fossem abertos, para que ele enxergasse os cavalos e carros de fogo a disposição deles. Deus dispensa seus exércitos a lutar por nós! Romanos 8:26 declara que o Espírito Santo intercede por nós com gemidos inexprimíveis.
A existência sufoca a vida no espírito! Por isso temos que viver pelo Espírito de Deus, não pelos nossos sentidos.
O Rei, passando pelo  muro, descrente, não conseguia descer da posição, para enxergar a situação como servo e não como rei. Quem quiser servir, tem que ser servo de todos. A liderança do Espírito Santo só se aplica a quem se humilha. Quem quiser subir e viver acima de seus problemas tem que descer e se humilhar nas águas do Espírito Santo. Temos que abrir mão de uma visão mesquinha da vida. Temos que sair da nossa zona de conforto e nos lançar confiantes nas promessas do Pai. Jesus, o rei que desceu, se humilhou, esteve entre nós, para nos levar de volta à casa do Pai é o contrário do rei de Samaria naquele momento. 
O Rei desesperado manda matar Eliseu; mas Eliseu manda-lhe o recado de que no dia seguinte haveria comida para o povo.
O capitão do rei duvida e Eliseu diz que ele verá, mas não comerá da bênção.

                         Deus usa o fraco para calar o forte

Quatro homens leprosos que estavam à entrada da porta resolvem ir ao arraial dos sírios. A escritura narra em 2 Rs 7: 3-4: Para que estaremos aqui sentados até morrermos? Se dissermos: entremos na cidade, há fome na cidade, e morreremos lá; se ficarmos sentados aqui, também morreremos. Vamos pois, agora, e demos conosco no arraial dos siros; se nos deixarem viver, viveremos, se nos matarem, tão somente morreremos.
Levantaram-se ao anoitecer para se dirigirem ao arraial dos siros; e eis que não havia lá ninguém.
Porque o Senhor fizera ouvir no arraial dos siros, ruido de carros e de cavalos, e o ruído dum grande exército; “.... Pelo que se levantaram, e, fugindo deixaram as suas tendas, os seus cavalos, e os seus jumentos, e o arraial como estava; e fugiram para salvar a sua vida.
Chegando, pois, os leprosos à entrada do arraial, entraram numa tenda, e comeram e beberam e tomaram dali prata, e ouro e vestes e se foram e se esconderam; voltaram e entraram em outra tenda, e dali também tomaram alguma coisa, e a esconderam. Então disseram uns para os outros: Não fazemos bem: este é dia de boas novas, e nós nos calamos... Agora pois, vamos e o anunciemos à casa do rei. 

Podemos inferir que os quatro leprosos tinham esperança e não se entregaram à morte, ou pelo menos, morreriam tentando fazer algo. A princípio pode parecer fatalismo, mas do ponto de vista de pessoas que eram separadas para ‘esperarem a morte”, pois eram leprosos (naquela época não havia cura para a lepra), a fala deles soa sensata, e recheada de atitude. Os leprosos eram excluídos do convívio social; não tinham privilégios; eram considerados menos que nada. Entretanto eles não estavam tão desesperados a ponto de não tentarem uma alternativa.
Se analisarmos que o rei dispunha de soldados e de todo um aparato e não fez nada, os leprosos parecem ter sido movidos por uma dose, mesmo que pequena de esperança. Jesus fala da fé, pequenina, como um grão de mostarda, mas que pode operar milagres. 
Além do mais, Deus no passado havia dado vitórias espetaculares para o seu povo por causa da fé dos líderes; se o rei fosse temente a Deus, talvez pudesse ter encorajado o povo a lutar e Deus entraria em providência. Entretanto ele não fez nada. Os reis perversos não tinham amor pela palavra.
O rei poderia ter tido a iniciativa de lutar, se tivesse fé, crendo,  eles poderiam conseguir! Ao contrário, o rei perseguia a palavra profética!
Entendemos aqui que a nossa força vem de comer o pão vivo que é Jesus. Jesus se declarou como comida celestial. “Eu sou o pão vivo que desceu do céu.” Jesus é a palavra que se fez carne. A fome porque o país passava era consequência da fome de Deus. Eles não conheciam o Deus a quem diziam servir. 
Assim como o rei Jorão, os judeus rejeitaram o Messias, porque não entenderam a profecia e as escrituras.
Israel estava paralisado de medo porque não dava crédito à palavra do profeta Eliseu. Onde falta a palavra de Deus, onde falta inteireza; coração dividido que abriga ídolos não consegue reter a bênção do Senhor. Quem não conhece sua identidade de filho, pensa ser o inimigo maior do que é. O Rei com medo, tentava calar a voz da profecia, seus auxiliares igualmente descrentes, impediam o agir de Deus no meio dos Israelitas.
Os quatro leprosos também mostraram ter inteireza de coração; eram éticos e pensavam no coletivo. O rei, ao contrário, não soube pensar na coletividade, sequer esboçou arranjos diplomáticos em 3 anos.
Interessante também como Deus age, confundindo nosso inimigo; o homem de fé é forte, porque o espírito Santo o capacita. O inimigo das nossas almas bate em retirada, quando, pela unção, usamos o nome de Jesus. Quando a igreja se move, o Senhor a capacita como um exército poderoso, embora sejamos homens falhos e imperfeitos. 

Quando uso a palavra ‘profecia’ me refiro à capacidade da Palavra de se cumprir no presente, em relação ao que já foi dito pelo Senhor Deus, e por ela ter poder para trazer à existência o que não existe. A Palavra de Deus modifica o presente e projeta o futuro, baseada no que Deus é desde a eternidade. Podemos trazer à existência o que não existe pela Palavra de Deus.
Esta passagem bíblica também fala do juízo divino! Deus queria que o povo se arrependesse, por isso permitia o seu sofrimento! Mas ao invés de se voltarem para Deus, eles o culpavam pela situação.
O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor. Rm. 6:23

A palavra da cruz – loucura para os que se perdem... (1Cor:1:18)

4 são as cores das cortinas para a porta do tabernáculo, 4 são os evangelhos; A porta de entrada para o reino de Deus é o evangelho. O tabernáculo simbolizava a presença de Deus no meio do povo; da mesma forma a igreja é a presença de Deus no mundo. O evangelho é a mensagem que a Igreja oferece ao mundo! 
O antigo testamento não conhecia a Graça de Deus em plenitude, mas a Graça de Deus sempre operou, ainda que de forma limitada, no antigo testamento. Em porções, através dos profetas!
A palavra do profeta já havia sido liberada! Os leprosos, sem o saber, estavam agindo debaixo de um propósito maior! Deus não precisa de canais oficiais! O canal oficial do céu é o Espírito Santo e o nome de Jesus. Ele usa quem ele quer! Jesus disse em Lucas 19:40 que se os discípulos se calarem as pedras clamarão.

A glória é sempre de Deus. O milagre se revela milagre justamente quando não temos força. A força da Graça de Deus é o que sustenta a nossa salvação. Não temos mérito nenhum! Um dia Jesus nos encontrou e nos lavou dos nossos pecados! Éramos como aqueles leprosos, estávamos doentes, encontramos um tesouro e nos saciamos.
A boa nova do evangelho tem que ser espalhada. Spurgeon diz que o evangelho é um mendigo contando a outro mendigo onde encontrar o pão. Os leprosos ficaram tão maravilhados e como eram homens retos, foram e contaram aos demais.
Quando fomos expulsos do jardim através de Adão, estávamos fora, nas portas, desprotegidos, excluídos da comunhão, do banquete celestial que o Pai preparou para quem o ama. Mas um dia, encontramos com o Senhor Jesus, e saciamos nossa fome. A bíblia também fala que os mansos herdarão a terra e se deleitarão em abundância de paz. 

4 leprosos foram capazes de desbaratar um exército, porque o poder de Deus se revela através da nossa fraqueza. Quando o povo de Deus se move debaixo de uma Palavra profética, o inimigo bate em retirada. Temos um tesouro em vasos de barro, mas a excelência é de Deus.
Os passos são de leprosos, mas o mover é de Deus. Deus, muitas vezes, se revela de forma improvável. Quando tudo parecia perdido... Uma atitude! Rastejando (provavelmente) pois deveriam estar enfraquecidos pela doença, eles desbarataram o exército inimigo.
O evangelho é o poder da cruz ... È a loucura da cruz, segundo 1 Cor.1:18.  

Vamos nos apresentar diante de Deus revestidos como filhos, através do sacrifício de Jesus! Somos humanos, somos imperfeitos, como aqueles leprosos, o pecado nos debilita, mas somos perdoados e santificados e renovados pelo poder de Deus. O mortal se revestirá de imortalidade. 
O judeus, donos da bênção, aqueles que por direito herdariam a bênção, rejeitaram para que nós pudéssemos usufruir da salvação.
Através do primogênito de dentre os mortos, JESUS,  somos justiça de Deus.O rei que por direito, poderia ter livrado Israel, não o fez por descrer da promessa, mas através do evangelho, quem crê será salvo.
O oficial do rei, que não creu morreu, pisoteado pelo povo que correu para o arraial atrás de comida. O oficial viu, mas não usufruiu da bênção. Sem fé é impossível alcançarmos as promessas. 

                          Esperança em meio à pandemia 

Da mesma forma hoje. Estamos no meio de uma pandemia e a Igreja fiel tem alimento para dar a quem precisa. Muitos estão desempregados, outros estão depressivos, a economia nacional e mundial abaladas.
Precisamos nos alimentar do banquete espiritual que o Pai tem para nós, através da Palavra. Passaremos por tempos difíceis. Precisamos estar preparados para ajudar a quem precisa.
Muitos confiam em políticos, em ideologias, em seus líderes, na ciência, na sua cultura religiosa e por isso se enfraquecem, sem o perceber. 
Agora, mais do que nunca vamos precisar excercer nossa fé na palavra do Senhor.
O mundo está sitiado pelo vírus! Uns buscam culpados, outros aproveitam da situação para lucrarem; outros pregam a palavra por interesses próprios. 
A nós não cabe julgar, cabe a nós, ter discernimento! Cabe a nós amar. Só Deus julgará. Jesus disse que o joio cresceria junto com o trigo, 'para que ao separar o joigo, não arranqueis também o trigo."

Nós os servos do Senhor, vamos tomar os cuidados necessários; Deus sempre usou a ciência; Ele pode usar quem quiser; inclusive, a ciência. Oremos pela comunidade científica, por uma vacina segura.  Vamos obedecer ao que for necessário, até onde não ferir a Palavra de Deus. Vamos evitar as aglomerações, vamos tomar as medidas sanitárias necessárias. E Orar pelos profissionais da saúde, bem como pelo pobre e necessitado exposto em ônibus superlotados. Vamos ajudar material e espiritualmente a quem pudermos.

Ele é quem fez o universo. Ele é a própria ciência! Se alguns cientistas não lhe atribuem o crédito, isso não O desqualifica. Deus se move acima da racionalidade humana, embora se expresse através dela.  Acreditamos, porém que Deus pode dar o livramento da forma como Ele quiser! Tal como se moveu atráves daqueles leprosos. Nossa confiança está no Deus que move a História. 

Que o Senhor nos capacite a anunciar a Palavra viva; banquete para aqueles que se encontram famintos espiritualmente.
A pandemia trouxe medo e insegurança, mas não estamos sozinhos! Sejamos como Eliseu, boca de Deus no meio do Caos. Mesmo abatido, se sentindo sem força, lembre-se:Deus pode agir através de você! Dê um passo de fé. Deus te conceda Paz!