Poeta
Ancoro-me nesse plano mortal
Sou poeta e ajo como tal
Superior e inferior ao normal
Bem temperado ainda que sem sal
Sou bárbaro que massacra letras
Murcho-as em frases
As faço de escravas
Só para carregarem minha dor
Poucas são as salvas
Mas sou gentil, ponho-as para dormir
Encaixo-as em seus lugares
E mesmo que existam milhares
Sei quais que elas vão preferir
E nesse vai ou não vem, me vaio
Sou poeta, não louco
Vejo a poesia como um raio
Somente faísca iluminada
Que desce do céu em fúria
E se choca contra terra em luxúria
E é me afogando nesse ar seco
Que seco minhas dúvidas
Sou louco e então, poeta
Cada poesia é uma descoberta