Cemitério dos livros

Eis aqui o poeta tumular

Que em vida, murmurava

remoendo os rumores

de suas horas mortas,

concebendo versos roídos

pelos vermes do desalento

Suicidados poetas

povoavam sua mente mórbida.

Depressão poética

revelando a podridão do mundo

Desenhava no céu seu desencanto poético.

Influenciado por filósofos e poetas pessimistas.

Eis o seu drama quando balbuciava

alardeando que poetas como ele

nunca dizem exatamente

aquilo que querem dizer

usam vocabulário agressivo e trágico,

e muitas vezes descambam para o antipoético

Então num repente

quando um véu de leve rancor

moldou-lhe o rosto sombrio

Com a voz encharcada de lágrimas,

compôs sua última poesia, penosa,

e patética, na lápide fria

Foi então que o poeta macabro

estremeceu, e confirmou os seus temores

quando, para seu espanto

viu que o cemitério dos livros

estava repleto de obras densas

tristes e inacabadas.

Edir Araujo

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ISBN 978-85-913565-2-2

Edir Araujo
Enviado por Edir Araujo em 04/10/2020
Reeditado em 04/10/2020
Código do texto: T7079566
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