Escravo da forma

Sinto-me, como artista,

escravo da forma.

Das artimanhas meticulosas

de rima, de ritmo, de metonímia

de neologismos fecundantes

e versos que borbulhem

explodam, naveguem e flutuem

como parte da mensagem

e não a mensagem sozinha.

Quando me atiram apenas substância,

ainda que provocações espertas, alarde

atingem-me como um disparo vazio

de arte, um disparate.

Sei que há valor, porém,

em diamante não lapidado.

Ainda que não sirva meus dedos,

Ainda que não sirva a vaidade,

substância sem forma é mensagem

forma sem substância; bobagem.

Mas eu, bobo que sou,

das cores, dos timbres, das coisas belas

permito-me versos raquíticos,

permito-me anéis sem pedras.

Crias de orgulho, cínicos,

perdidos em passarelas.

Hygor Marques
Enviado por Hygor Marques em 22/02/2022
Código do texto: T7457961
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