ARTE POÉTICA. IV: MICROCOSMOS

Farei agora

poemas nebulosos,

siderais,

cheios de iéias

em contínua expansão,

densos com os detritos

da explosão primordial.

Usarei palavras metálicas,

metáforas gasosas,

rimas supernovas.

Poemas saturninos,

lunares,

intergalácticos.

Onde o cintilar de anos-luz

irmana-se

ao breu dos buracos negros.

Que vibram com o frenesi

de partículas subatômicas.

Com a violência incontida

de tempestades solares

e o glamour fosforescente

de caudas de cometas.

Depois

vou dispersá-los

em poeira púrpura

e entregá-los

ao vazio

e ao silêncio

dos frios espaços

interestelares.

James Melo
Enviado por James Melo em 04/03/2024
Código do texto: T8012323
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