A NOVELISTA

Muito adoentada, restavam-lhe poucos meses de vida. Mesmo assim, quis escrever uma novela, a última. Implorou, suplicou e o diretor da emissora autorizou, com uma condição: que ela tivesse uma colaboradora. A novelista aceitou, meio a contragosto. Pois gostava de escrever sozinha. No meio da novela, faleceu. Não sem antes passar todas as coordenadas à colaboradora. Que sabia direitinho que rumo dar a cada trama, a cada personagem.

No velório, porém, assim que a colaboradora se aproxima do corpo, a novelista levanta do caixão e agarra-lhe o braço:

– Joana, estive pensando aqui. Acho melhor o Cristiano não ser preso e reconquistar o amor da Maria Clara!

Abraão Baêta
Enviado por Abraão Baêta em 01/06/2016
Reeditado em 02/06/2016
Código do texto: T5653706
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