CALDINHO DE AVE

Entregue a sua própria sorte, ele cresceu como um menino descorado e magricelo. Durante muitos anos, a dor o acompanhava em suas entranhas. Grande era sua fome pelo tal alimento. Mas ele precisava de uma comida diferente, porque não tinha o sabor de um pedaço de pão.

Na escola, acostumado a digerir sozinho seu flagelo, eis que, depois de uma avaliação de matemática, uma professora lhe preparou um caldinho de ave.

Não foi feito com galinha, não foi feito com cebola, nem alho nem pimentão. Mas com quê diacho de ingrediente foi feito então?

Era caldo bom, substancioso, capaz de recuperar em um minuto a enfermidade da apatia de toda uma vida.

Pela primeira vez, alguém enxergou que aquilo era um ser vivo em forma de um menino e o caldinho de ave foi cozido com os temperos de um abraço amistoso.

Nota: Esse texto foi escrito a partir da leitura da crônica da recantista MARIA OLIMPIA “O VALOR DE UM ABRAÇO”, postado em 12/08/2011.

Millarray
Enviado por Millarray em 18/08/2011
Reeditado em 24/08/2011
Código do texto: T3167546
Classificação de conteúdo: seguro