PRISCILA E EDUARDO

Sol do meio dia.

Escaldante.

Na calçada em frente ao portão da escola, o casal adolescente.

Estudantes, fardados, com as mochilas, cheias, pendentes dos ombros, no meio das costas.

Semi oculto pelo tronco rugoso da árvore, Eduardo segura Priscila, com os dois braços, envolvendo-a pela cintura.

Priscila esmurra o peito de Eduardo, na tentativa, sem muita convicção, de separar-se dele.

Com um movimento rápido da mão direita, Eduardo segura a cabeça de Priscila e beija-a. Sôfrego, ardente.

Priscila tenta se desvencilhar, mas os braços de Eduardo seguram-lhe o tronco unido ao seu.

A resistência vai arrefecendo enquanto Eduardo emaranha os dedos nos cabelos longos de Priscila, ela envolve Eduardo num abraço terno, carinhoso e o beijo se prolonga.

Agora é Priscila que segura a cabeça de Eduardo e assim, as bocas unidas, olhos fechados, o mundo pára.

A eternidade se reduz àquele breve instante.

Bruscamente, como acordada de um pesadelo, Priscila se solta de Eduardo e coloca as mãos no rosto, cobrindo os olhos.

Eduardo, extasiado, deixa os braços relaxados ao longo do corpo, incapaz de qualquer reação depois da descarga de adrenalina.

- Você é louco!

- Eu te amo Priscila! Eu te amo Priscila! Eu te amo Priscila!

- Você é louco Eduardo... Nós estamos na rua...

- Eu te amo Priscila, te amo, te amo...