Janela aberta em seu corpo nu

Apenas a luz da lua, que entrava pela janela, iluminava seu corpo seminu. Sentada naquela poltrona com os seios a mostra, tirava notas perfeitas de um violino velho, como se um teatro lotado a observasse. Mas naquela noite só havia eu. Fiquei na beira da cama, observando-a, calado, e somente ao final da música ela olhou em meus olhos.

_ Adoro quando você me observa assim.

_ Assim como?

_ Ora! Assim, como se me comesse com os olhos.

_ Você sabe que eu quero mais que isso.

_ Hoje você não tem querer. – falou com uma voz firme.

Levantou-se, foi até sua cômoda e pegou um pano. Cobriu meus olhos e ordenou:

_ Deite com as mãos para cima. – já vendado, obedeci sem pestanejar. Ela me acorrentou a cama. – você tem o direito de ficar calado e só falar quando eu mandar.

_ Sim senh... – Senti uma tapa em minha cara.

_ Cala a boca. Você só fala quando eu quiser que fale.

Mordida no ouvido.

Cheiro no cangote.

Sua língua percorreu todos os cantos de meu corpo, como se minha pele fosse uma extensão de sua boca. Naquela noite, compomos nosso sexo em meio ao seu fetiche dominador. Estávamos afinados um ao outro, ela regeu a sinfonia de nossos corpos com esplendor e maestria, cada instrumento era tocado na hora certa, cada nota estava em seu devido lugar. Ao final, somente a respiração ofegante era perceptível aos nossos ouvidos, e aquele era o prêmio por um espetáculo digno de aplausos e de grande plateia.

Quem sabe da próxima vez.

Gonzaga Neto
Enviado por Gonzaga Neto em 17/12/2014
Código do texto: T5072810
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