A visão e um sentimento do mundo

Mulheres passam arrastando fardos pesados e eu choro por elas... Mas vejo um sorriso cobrindo os seus lábios. E as vozes dissonantes que eu ouço, escondem o meu choro num riso abafado. O choro é só meu e o riso que eu vejo me deixa confusa. Mas elas riem, eu vejo. Não penso em mim, no meu choro contido, penso nos rostos marcados que eu vejo. É dura a vida e é duro o dia quando se arrastam pesados fardos. E o peso que eu vejo, eu não sinto no corpo, existem outros corpos, que carregam o peso do mundo que eu vejo. Os ombros são fortes e os braços imensos abraçam o mundo... É dura a vida daquelas mulheres, mas seu fardo é leve. É leve como o sorriso que eu vejo. É leve como o sentimento que eu tenho agora. É leve, como pode e deve ser a vida da gente, mesmo com todos os fardos que carregamos, às vezes.

Nosso grande amigo e poeta, Tony Bahia, nos presenteou com uma bela interação. Obrigada, amigo!

Uma romaria

Parecia uma romaria

Mãe na frente

E filhas em fila indiana

Todas com trouxas na cabeça.

Mulheres negras

Negras mulheres

No final da fila

Era tão bonito

Que deixavam rastro de estrelas.

Mais uma bela interação também nos deixou a poetiza Guida.

Obrigada, amiga!

O fardo que elas levam

Pesa como lã de carneiro

Se nos lombos lhes pesam

Tem nos lábios

Um sorriso faceiro

Ana Campos, Tony Bahia e Guida
Enviado por Ana Campos em 27/05/2015
Reeditado em 12/09/2021
Código do texto: T5257332
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