CANTO DE ARREBOL.
 
Nessas tardes de outono, quando a vontade pede para sair de casa e andar sem rumo pelas ruas do bairro, apreciando a beleza das pétalas de flores atapetando as calçadas, o coração da velha senhora do casarão da esquina da  Rua dos Rouxinóis com a dos Colibris, batia descompassadamente, esperando pelo filho casado que prometera trazer o doce que ela mais gostava: pudim de coco.Da janela do apartamento, no décimo andar, seus olhos divisavam as duas ruas, mas nada do filho chegar. As horas corriam e nem sequer um telefonema para acalmar sua ansiedade. Cansou de esperar, ligou o toca-discos e ficou a escutar suas canções preferidas, era isso que sempre fazia para esquecer as dores da solidão e da ausência do filho que muito amava e de quem não tinha a esperada correspondência.Começou a cantarolar baixinho acompanhando a musica e  pensou: canto para não chorar.Alegrou-se ao ouvir o toque da campainha. Era o filho tão esperado. 
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