___________ Amor, pura magia...

Ela sempre achou que o amor fosse o que diziam: uma espécie de  magia que transporta a outro mundo, faz experimentar uma nova dimensão,  que  vem para completar, envolver, invadir, tomar conta de tudo...

Ela jurou que seu amor seria assim, como tanto  alardeavam. Opostos se atraem? Não acreditava. Sempre pensou que seu amor seria alguém que se parecesse com ela, que lhe fosse quase uma  extensão.  E pensando assim,  jurou que nunca haveria de tolerar por amor alguém que falasse mal o Português...

Sentada à mesa da cozinha, ela leu o bilhete e se viu  a cismar: “Amor, fui ali mais já vorto. Noz hoji de noite vai sair? Então pace a minha carça preta e a camiza bramca  de risco verdi nas manga, aquela que cê gosta dimais, cumbinado? Vorto logo.”.

Suspirou e admitiu: “É essa a magia do amor. Fazer a gente engolir tudo que jurou sem pensar, calar a boca e aceitar que não sabe de nada nesse mundo. Sim, amar é mesmo essa magia... Essa magia negra que obriga a gente a se recolher à própria insignificância...”.