Valsa de Halloween

Dançaram. Sob a feliz luz do luar, que tocava o terno do velho e o vestido da pequena moça. Os pelos do cachorro também acompanharam a bonita valsa.

Não sei se era o vento da vida que os fazia bailar, ou se era a frieza da morte que fazia-os rir, mas uma coisa era certa: eles estavam lá, com o toca-discos entoando a trilha sonora do revés, em dó menor, na madrugada de Halloween.

Depois de amanhã seria o dia dos mortos, mas hoje ainda era o dia de todos; pois os que existem continuam a existir, e os extintos voltam para uma breve visita, para dar um abraço, para relembrar e valsar.

E ali se encontravam, dançando conjuntamente com o pai, seus dois filhos; a moça, eterna criança, e o cachorro, eterna alegria.

------------ * ------------

Este texto foi escrito para um 'concurso' em uma comunidade chamada Centro RPG. Escrevi-o enquanto ouvia, diversas vezes, a música Manny & Meche (Grim Fandango).

Sempre fantasio o cenário com a minha avó, Raquel, enquanto criança, dançando com meu falecido bisavô -- que adorava músicas clássicas. O cachorro, por sua vez, é referência ao amado Alfa, meu falecido e eterno companheiro, que hoje deve ser um dos melhores amigos de Baleia.