DOR ORDINÁRIA

Dia de semana e cansaço ao final dele. Gervásio apanhou o ônibus costumeiro. Novo. Confortável para os padrões dominantes da frota desgastada. Sentou-se. Dormiu profundamente, num sono pesado de cama macia. Foi acordado bruscamente. Os olhos preguiçosos vasculharam em volta sem que vissem qualquer passageiro nos bancos adjacentes. Apertou a campainha. De quem fora aquele tranco, ao mesmo tempo delicado, mas com força suficiente para acordá-lo? Desceu. Na calçada, um velho estampou-lhe um calendário: 28/03/2017. Sentiu um leve arrepio. Como fora se esquecer? Marinalva, parabéns! Foi você?

O velho resmungou algo ininteligível e deu-lhe passagem.

Cleo Ferreira
Enviado por Cleo Ferreira em 28/03/2017
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