SOMOS CRIANÇAS
Guida Linhares

Porque crescemos tanto
e perdemos a inocência?
Porque nos tornamos adultos
e esquecemos da criança
que fomos um dia.
Porque não nos deixamos levar
pela pureza dos sentimentos?
Aquela pureza que na infância,
sentíamos por todas as coisas.
Pelo correr livre e solto na grama,
pelo esguicho de água da mangueira,
que nos deixava contentes,
pela alegre brincadeira.
Pelas cantigas de roda,
amarelinha, esconde-esconde
e os lanches repartidos com os amiguinhos.
E os castelos na areia da praia.
Porque não erguemos mais os mesmos castelos,
e nem enchemos mais os baldinhos
e nem as formas de bichinhos para brincarmos
simplesmente pelo prazer de brincar e sonhar.
Talvez porque tenhamos perdido a inocência,
aquela que nos fazia acreditar em tantas coisas,
e que com o passar dos anos,
as desilusões e desenganos
foram se somando, e de repente
nos olhamos no espelho
e vemos que daquele menino/a que fomos um dia,
restaram os olhos brilhantes
e um coração saudoso.
Mas há que se resgatar esta criança,
nem que seja num faz de conta imaginário,
em algum momento,
em que possamos de novo,
encontrar a inocência perdida
e nos deixar levar
por algo que movimente de tal forma
nosso coração, que deixemos de lado medos e incertezas,
correndo livres ao vento,
emprestando asas ao pensamento!
Que neste Natal,
possamos ser crianças de novo,
resgatando a pureza da alma,
para que ela se liberte da opressão de nossos tempos.
Orar e vigiar, sem esquecer contudo
de que a criança que fomos,
ainda reside dentro de nós,
ávida por se libertar,
nem que seja para brincar de ser feliz!

Santos/SP/Brasil
17/12/06


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