Cristão, ou não...

— Ah, Salvemos o ano!

— FELIZ NATAL!!!

(...) Muita paz, muita saúde, muito dinheiro, perus com farofas e os melhores vinhos, champanhes e cidras de promoções que seu salário pagar... É hora de festejar, de se abraçar, lembrar de quem está longe, de quem se foi, pedir paz, amor e saúde no mundo (principalmente aos seus), pelos mortos de fome, fedidos e fodidos nas ruas. Que coisa linda! “E o papai-noel está por aparecer, daqui a pouco estarão pedindo a canonização dele no Vaticano”, eu já tenho de gesso um exemplar de santo Noel em minha casa! Ah, quando eu era criança e meus Pais me disseram que o papai-noel havia deixado aquele velocípede para crianças de 5 anos pela janela, nossa! E minha irmãzinha!? Ganhou um (cor de rosa) também, ficamos os dois bestas e mortos de felizes. Acho que não sentirei mais aquilo...

Acredito muito que a felicidade dos filhos venha acima de tudo para os pais, e é por isso que amo muito os meus. Mas se aos cristãos servir de valor uma reflexão bem concisa: Cristo, ao nascer, (segundo o evangelho de Matheus) recebeu na primeira visita, se não estiver (me) enganando, os três reis magos que, guiados por uma estrela, por assim dizer, foram até Jerusalém na Judéia e de lá mais um pouco na excursão a Belém no dia 6 de janeiro (por isso o dia dos reis) onde dentre a pocilga que se encontrava Cristo, a estrela indicava através de uma, digamos, epifania o lugar onde encontrava-se o rei nascido. Ofertaram-lhe três presentes: ouro, incenso e mirra, cujo símbolo (junto à visitação) seria a fé cristã contígua ao resumo do evangelho. Temos por signo, porém, que o ouro seja a representação da realeza, o incenso a fé e mirra (resina antiséptica usada em embalsamentos) o martírio e pós isso, pesquisem...

Por fim, acredito que seriamos mais humanos e menos desavergonhados (não que nesta data todos sejam) se representássemos, de repente, ao fim de um ano de cerimônias e confraternizações, a simbologia de uma oferenda e teria, se para os cristãos, que consideram isso e reportam aos três reis magos o fato, relevância. Creio eu que se meus pais, ao invés de se sacrificarem (tenho noção hoje de que era um sacrifício satisfatório para eles verem nossas sensações de júbilo e, quiçá, no lugar deles teria feito o mesmo) comprando brinquedos caros para mim a esta data, tivessem me presenteado com algo simbolista, com algo que me transmitisse não só a bonança do natal, mas a importância do que algo pudesse me ensinar e significar verdadeiramente, ainda que eu pranteasse e me rebelasse de inveja dos outros, hoje me fizesse isso um ser bem mais provador de minha certeza e um menos contestador e difícil com papai-noel (o capitalismo contemporâneo) que fundamentou (em matéria-prima) o natal. Antes fosse receber e dar simbologias e que alguns abraços não passassem de convenções.

Hoje é 26-12-2007, minha Mãe faz 50 anos e hoje o natal é meu, ela é o meu redentor.