Uma Mente de Criança — Capítulo 2 – Parte 3

O pequeno andou muito tempo e se cansou. O sol queimava sem trégua, nenhuma nuvem ousava se interpor entre o garoto e ele. Inúmeras vezes o menino andou e parou ofegante. Não planejava voltar, mesmo porque não tinha bem para onde voltar. Demorou muito para que aquele verde escuro desse a impressão de estar mais próximo e, quando o menino sentiu pela primeira vez que suas passadas surtiam efeito, ainda era perceptível que havia uma enorme distância por percorrer até seu destino.

O que haveria lá? O que era o lugar para o qual seguia? Ele ainda teria que dar muitos passos para descobrir.

Não desistiu.

Muito tempo depois, o sol parecia não ter se movido lá no alto, mas o menino se sentiu aliviado ao perceber que estava próximo de seu destino. Pensou até em correr para acelerar a velocidade, mas três passos de corrida o fizeram desistir, a fome não parecia querer ajuda-lo. Voltou, então, a caminhar.

Quando se aproximou mais ainda, piscou os olhos algumas vezes. Não estava entendendo porque o ponto que achara ser verde escuro estava, agora, tomado de diversas tonalidades. Tons de azul, vermelho, amarelo, branco e mais alguns outros se espalhavam em fileiras uniformes. Foram necessários mais alguns passos para perceber que as cores pertenciam a uma vasta plantação de flores. As flores se espalhavam para além de seus olhos, até onde sua vista se perdia.

Não tardou e adentrou a plantação. Caminhou por entre as flores. Primeiro foram as azuis. Batiam em seus joelhinhos. Entristeceu ao perceber que teria que continuar seu caminho debaixo de sol. Mas teve a esperança de que, em algum momento, poderia encontrar a pessoa que cultivava aquela plantação.

Quando adentrou o campo das flores brancas, um tremor na terra o fez tombar de joelhos. Ao tentar se levantar, outro tremor se fez e ele caiu sentado amassando algumas das flores.

Repentinamente as flores começaram a aumentar de tamanho, no início foi sutil, mas depois cresceram rápido e também mudaram de cor. Os tons brancos e os demais tons das plantações que ficaram para trás ganharam tons esverdeados e, depois, esverdeados-escuros.

Em um único instante, o menino que caminhava entre as flores coloridas, se via, agora, sentado debaixo da sombra de milhares de copas de altas árvores.

Rafael Marchesin
Enviado por Rafael Marchesin em 27/06/2014
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