O PROFESSOR É UM PERIGO PARA O MUNDO (III)

Na sala de aula, o professor Pascoal terminava a espécie de palestra especial que dava para seus alunos. Uma cena de telenovela havia sido exibido em um datashow. A qual instruía as pessoas ao o que seria o procedimento correto para se respeitar um homossexual. E logo a seguir o professor voltou a palestrar.

– Santa engenharia social! Vocês viram nessa cena, a tevê dando o passo a passo de como se deve proceder na situação que ela pôs na frente do telespectador. Devo primeiramente dizer que um grupo contratou a produção da telenovela para expor a sociedade o problema que vive. No caso, o grupo é o GLBT, que enquadra todos os tipos de homossexualidade. Na certa, a produtora teria que propor a cena, colocar na boca de uma personagem vilã os argumentos que o grupo considera opressor, trabalhar a interpretação do público para odiar os argumentos despejados por essa personagem, bem como o esterótipo do vilão, transformar a personagem que lida com o vilão em mocinho e, com isso, moldar a opinião dos demais envolvidos na exibição para que na sociedade prevaleça o fechamento dado para a cena, cujo mocinho, representante do grupo patrocinador da cena, sai vitorioso. E assim é com qualquer outra apresentação televisiva, incluindo os telejornais, que deseja engenhar a sociedade para um comportamento considerado o correto.

O problema é que não podemos considerar correto um comportamento que não o que mantemos naturalmente. Não é a mídia que faz emanar nossos instintos, por que haveria de ter o direito de reprimi-los? Nem é ela que determina nossas funções sociais ou nossas responsabilidades para a vida em comunhão com o próximo. O que ela faz, a maior parte do tempo, é nos confundir e fazer com que emanemos sentimentos que não são nossos. E isso nos adoece e nos pressiona. Essa pressão é que ocasiona boa parte da tensão que vemos ela própria noticiar. Ela não tem direito de nos cercar como civis.

– Professor! – levantou o dedo alguém na audiência – Está propondo que podemos ser homofóbicos em vez de nos disciplinarmos a não ser?

– Claro que não! Primeiramente, homofobia não existe, é só uma designação, dada por um processo de catalogação, para um fenômeno que nasce da relação social. Não é da natureza do homem ter qualquer atitude contra outro baseado em sua individualidade. Isso acontece quando existe na sociedade reunião em grupos e disputa por espaço. Porém, creio que você não precisa adoecer por flagelar-se interiormente, tentando a qualquer custo aceitar ser condescendente com o que pregam os defensores do homossexualismo. Na sua mente é você quem manda. O que não é permissível são atitudes como discriminar alguém por causa da sua natureza ou da sua convicção e nem se deve privá-lo da liberdade de ser como ele é. Não se está discriminando ninguém quando não se quer fazer parte do mundo dele e nem privando a liberdade de alguém ao simplesmente desejar sair do território ou da cena dele e ir procurar sua turma ou o seu ambiente.

O professor lembrou de um agravante.

– O que não é permissível também, pois feriria o direito do hétero, e a Constituição Federal garante a igualdade entre todos os brasileiros perante a lei, é transformar a designação, no caso a homofobia, em crime e com isso obrigar a todos os que forem tachados de homofóbicos, até mesmo se não o forem ou não tiverem praticado algo que seja realmente isso, a driblar sua natureza e acometer-se de problemas psiquiátricos. Isso é bom para outro grupo que vive pagando a mídia para realizar trabalhos de engenharia social que lhes levam pacientes.

Os alunos acharam forte os argumentos do professor e ele sentiu isso. Uma juventude situada entre dezoito e vinte anos, fatalmente ainda sob a hipnose propagada pela mídia e pelos mecanismos de educação que imperam a sociedade, não iria lhe dar razão assim tão facilmente, mesmo ele sendo respeitado como formador de opinião e estando em um recinto pertencente a uma instituição impregnada na cabeça das pessoas com total credibilidade.

– O que eu quero dizer, realmente, é que a disciplinação do indivíduo dado dessa forma não é honesta. Temos que conhecer o problema que os outros passam, saber o que eles desejam que façamos por eles e evitar que eles sofram. Assim, todos vivem bem. Mas isso tem que ser feito através de órgãos que não fazem doutrinações comercialmente. Enfraquece qualquer causa de grupos específicos se feito assim.

– Professor, que forma de comunicação em massa honesta existe? A tevê atinge a sociedade inteira e parece ser o instrumento certo para levar para o povo os problemas desses grupos.

Alguém interpelou Pascoal. E ele foi categórico ao responder.

– A televisão tem pouco mais de sessenta anos, meu caro, e a humanidade vivendo em sociedade tem dez mil. Alguns problemas são próprios desses sessenta anos para cá, bem pode ser ela própria a precursora e a fomentadora deles. Até mesmo a causadora da sexualidade em questão. Em controle mental é possível engenhar a preferência sexual das pessoas. Acham que um fenômeno sexual, cultural ou social acontece primeiro na mídia e depois na vida real devido a explicações naturais? Tem que ser muito ingênuo, muito lobotomizado pela mídia para achar isso. E, ademais, tudo que existia antes desses sessenta anos e ainda existe hoje era resolvido sem o cadenciamento da mídia. Era discutido pelas pessoas em congressos, em igrejas, em parlatórios. Em lugares que o público participava podendo ouvir e falar. Sem ter que ser representado e oprimido.

Batera o sinal que encerrava a aula e os alunos, contra a vontade deles, dissiparam-se. Só haveriam de ouvir novamente o velho Pascoal na segunda-feira seguinte. Ansiosamente eles aguardavam o tecimento, por parte do professor, das ideias que ele começara a alimentar na cabeça deles, as quais faziam menção à poluição social, que diz respeito aos costumes que a sociedade preserva, que vem afetando drasticamente o clima.

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