A MÁQUINA DE SONHOS - PARTE 2

A MÁQUINA DE SONHOS

CAPÍTULO 2

CENA 1

(Barulho de chuva Torrencial)

Até mesmo a corajosa Helena estava apreensiva. É claro que ela não queria confessar isto ao amigo Álvaro, que por sua vez estava paralisado ao ouvir o som da porta de entrada da casa rangendo.A casa 73 parecia grande aos olhos de quem estava de fora e embora as portas angulosas e o jardim mal-cuidado transmitissem uma enorme tristeza, certamente se tratava de uma residência tradicional e luxuosa.O jardim era cercado por muros baixos, provavelmente porque todos na cidade temiam aquele ambiente e ninguém se interessaria por roubá-la. Foi então Helena ocorreu a seguinte idéia:

- Álvaro, desparaliza ! Eu sei que você está com medo mas nós temos que nos esconder ! – Disse ela tentando ‘’acordar’’ Álvaro.

- Eu não estou com medo, estou é apavorado mesmo e sei que você também está !

( Som de porta emperrada / Alguém tentando abrir)

- Tá mas não temos tempo a perder ! –Disse Helena.

- E qual a sua grande idéia desta vez espertinha ? – Disse Álvaro.

- É simples, o jardim parece enorme e o muro não é tão alto assim.É melhor pularmos o muro e nos esconder atrás dos arbustos até despistar quem ou oquê estiver por perto. – Explicou Helena.

- Tem razão, já é quase meia-noite e não sabemos como ir pra casa ,se corrêssemos sem rumo nessa chuva certamente alguém nos pegaria. – Afirmou Álvaro se acalmando.

( A porta se abre/ Som de porta se abrindo)

- Rápido ! – Exclamou Helena pulando o muro puxando o amigo para atrás dos arbustos.

( Som de passos caminhando)

(Som de arbusto se mexendo )

- Tem alguém vindo ! – Disse Álvaro.

- Fale baixo, podem nos ouvir ! – Sussurrou Helena fazendo sinal de silencio para o garoto.

( Som de cão latindo )

- Quem está ai ? - Exclamou uma voz grave e lenta.

( Som de passos acelerados)

( Som de cachorro latindo bastante)

Narração: O desconhecido que saíra ao jardi,ouvindo os latidos do animal pegou um revólver e seguiu andando pelo jardim tentando achar o motivo da agitação do cachorro.Nesse momento o animal que vigiava a casa e foi seguindo o rastro dos meninos pelo olfato.O cachorro latia desesperadamente chamando a atenção do misterioso morador da residência, para o arbusto onde as crianças estavam escondida.Helena e Álvaro permaneciam em silêncio absoluto rezando para não serem apanhados.

(Continua o som de chuva )

(Som de passos)

(Cachorro Latindo)

( Som de alguém pegando o revólver)

- Ora, ora, bom trabalho salomão ! Vamos ver o que seus latidos encontraram por aqui ! – Disse o homem com revólver em punho e mexendo nos arbustos.

CENA 2

(Chovendo)

Narração: O homem finalmente encontrou as crianças entre os arbustos que estateladas de medo, gritaram apavoradas !

( As crianças gritam)

Narração: Quando conseguiram abrir os olhos, as crianças deram de cara com o rosto do misterioso homem que se tornava ainda mais sombrio com o cair da noite.Mas para a surpresa de Álvaro e Helena, ao avistá-los o homem caiu na gargalhada.

( Som da risada do homem)

- Ora Salomão, veja só são apenas crianças ! – Disse o homem conversando com o cachorro e guardando o revólver.

(Cachorro late)

- Não tenham medo crianças, eu não vou lhes fazer mal. – Disse o homem.

- Como podemos ter certeza ? – Perguntaram as crianças ao mesmo tempo e se entreolhando.

- Bom ,vocês não tem muita escolha. – Disse o homem provocando as crianças.

- Helena e Álvaro se entreolharam sem saber o que fazer.

- Ora, se eu quisesse mesmo fazer mau pra vocês já teria feito.Agora vocês precisam sair dessa tempestade.Acho que vocês serão os primeiros moradores dessa cidade a entrar em minha casa em muitos anos.

- Está nos convidando ? – Disse Álvaro.

- Será que podemos realmente confiar em você? Nem sabemos seu nome.- Disse Helena

- Ah perdoe a minha indiscrição por não dizer meu nome aos invasores de minha casa...- Pausa rápida. – Me chamo Hermes, satisfeitos ?

- Helena a gente não tem escolha, já está tarde e não sabemos como ir pra casa, além disso estou com fome e frio.Acho melhor a gente entrar.

- É Álvaro talvez você tenha razão e também se fosse pra ele matar a gente já teria matado.Enfim, seja o que Deus quiser. – Respondeu Helena.

Narração: Na verdade não era só o fato de não poder voltar pra casa que fez com que Helena e Álvaro aceitassem aquele convite.No fundo a curiosidade para descobrir qual era o mistério da casa 73 falou mais alto.E então o misterioso homem guiou os curiosos pestinhas para dentro de sua residência.A sala de estar era clássica, tinha um piano ao fundo e um retrato de uma belíssima mulher ao centro.As crianças estavam num misto de desconfiança e medo, mas sobretudo estavam maravilhadas com o ambiente.

- Olha, Hermes né ? Sei que não tivemos escolha, mas agora que estamos aqui mesmo queremos saber porque nunca sai de sua casa, porque vive longe das outras pessoas ?

- Ah mas você é curioso hein ! Como se chama ?

-Sou Álvaro, e esta aqui é a Helena.- Disse o garoto.

-Bom Álvaro e Helena, para provar que realmente não vou lhes fazer mal e para tirar um peso que carrego há anos nas costas, finalmente vou contar a minha história para alguém.Sentem-se. – Disse Hermes apontando para o sofá que cercava o retrato da bela mulher na sala.

Narração: As crianças se sentaram e estavam interessadas em ouvir a explicação de Hermes sobre a vida dele e sobre a casa 73.Aos poucos o homem demonstrava que estava mais para uma pessoa triste do que ameaçadora.Emocionado ele começou a contar sua história.

CENA 3

- Bom, há uns 30 anos atrás eu era um cientista renomado na cidade , havia me formado e estava construindo o meu maior invento, uma máquina de realizar sonhos.

- Uma máquina de sonhos ? – Perguntaram as crianças ao mesmo tempo, maravilhadas.

-Sim, uma máquina de sonhos que na verdade se tornou o meu maior pesadelo...- Disse Hermes

( Som flashback para a história)

- Eu estava casado com a Alice, minha falecida esposa, há mais ou menos quatro anos, mas ainda não tínhamos filhos e este era o nosso maior sonho.Então eu me empenhei ao máximo usando meus conhecimentos para tornar completa a minha felicidade e da minha amada mulher. – Contou Hermes.

-Essa do retrato era a sua esposa ? – Perguntou Helena interrompendo-o.

- Deixa ele contar a história Helena ! – Replicou Álvaro, repreendendo a amiga.

- Sim, esta é minha esposa Alice.Naquela noite há 30 anos já estava tudo pronto para inaugurar a máquina.Eu havia pensado em tudo, a máquina estava parafusada, ajustada e as estruturas se encaixavam perfeitamente. – Hermes contando a história

( Som de máquina/ engrenagens)

- E o que aconteceu ? – Interrompeu-o Helena novamente.

- Menina, naquele dia eu estava tão feliz e ansioso que não me contive e chamei a Alice para finalmente testarmos a máquina e realizar nosso sonho.- Hermes contando a história

( Som de máquina engrenagem)

- Acontece que algo não saiu como o planejado, quando chamei Alice para testarmos a máquina de sonhos, a descarga de energia foi tão grande que gerou um curto circuito.Logo tudo em volta começou a pegar fogo e a casa foi incendiada. – Hermes contando a história.

( Som de incêndio)

- Eu estava um pouco tonto com a fumaça e só consigo me lembrar que a Alice me tirou daquele lugar.Em seguida ela voltou para tentar salvar alguma coisa da máquina, algumas peças ou os meus estudos.Eu tentei avisá-la para não voltar mas estava fraco e não consegui dizer nada...- Hermes contando a história.

(Hermes chora emocionado)

(As crianças se emocionam)

- Então ela morreu tentando salvar você e o sonho de vocês, certo? – Perguntou Álvaro.

- Álvaro ! - Replicou Helena repreendendo a fala do amigo com beliscão.

-Sim, foi isso mesmo, e eu me culpo por isso há 30 anos. (Respondeu Hermes Emocionado)

- Mas não foi sua culpa senhor Hermes, foi um acidente – Respondeu Helena tentando consolar Hermes.

- Sim, mas ela morreu tentando salvar a máquina que eu inventei.Esta casa foi reconstruída mas desde então não tive mais motivos para sair daqui, por isso os mais jovens da cidade não me conhecem.Os mais velhos especulam coisas, acham que a casa é assombrado pelo espírito de Alice e por isso tem medo daqui...- Hermes contando a história.

- Ah quem dera isso fosse verdade, rever a Alice seria o meu maior sonho.- Disse Hermes.

Narração: Sonho.Quando ouviram esta palavra, Álvaro e Helena se entreolharam como se tivessem sido iluminados por uma grande idéia.Como não haviam pensado nisso antes ? E assim resolveram fazer uma proposta a Hermes.

- Senhor Hermes, o senhor ainda saberia reconstruir a máquina de sonhos se tivesse que fazer isso hoje ?- Disse Helena

- Certamente que sim, eu não me esqueci de nenhum detalhe.Mas a máquina só funciona se for ativada por bons sentimentos e energias, eu estive tão triste por todos esses anos que não tentei e não conseguiria reconstruir.

- Eu acho que tenho uma idéia de como fazer o senhor ter a sua Alice de volta ! – Respondeu Helena animada.

-Eu acho que tive a mesma idéia que você ! – Respondeu Álvaro olhando encantado para a amiga com admiração.

Narração: E agora, qual será a idéia das crianças para ajudar o cientista Hermes ? Será possível trazer Alice de volta mesmo após a morte ? Não perca nos próximos capítulos de A máquina dos sonhos.

FIM DO CAPÍTULO 2

Larissa Artiaga
Enviado por Larissa Artiaga em 07/11/2014
Reeditado em 07/11/2014
Código do texto: T5026616
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