O andarilho. Parte 3.

“O Oraculo é o ser mais sábio da face da terra. Ele senta-se com seu cajado a beira do monte mais alto e espera pelo escolhido, que irá restaurar o equilíbrio e fazer tudo voltar a ser como antes.”

- O livro dos Jack

-Grande...Grande Jack, tenho más notícias, digo, as mulheres, elas fugiram.

-Fugiram?

-Sim...Sim senhor, digo, estão dizendo que foi o forasteiro, o que matou os Jack.

-Pensei ter dito pra você ficar de olho naquela?

-Sim senhor, me desculpe senhor, foi um erro grave...

Bang!

- Sim, foi mesmo. Um Jack a menos. Você!

-Sim senhor! Leve o corpo deste idiota e mande chamar todos os Jack aqui. Se esse forasteiro quiser a maleta, ele virá até mim. E eu irei arrancar suas bolas! Vá rápido!

-Sim senhor!

Quando chegou, viu o que teria que encarar. Havia somente uma lâmpada com energia elétrica, a do poste central. Que era também a única fonte de iluminação. E o que ela iluminava eram uns 8 Jack, bem armados. Contando com todas as munições que tinha, ainda sobrariam dois tiros. O problema era saber quantos haviam lá dentro? Ele teria que se arriscar, já estava ali, agora não tinha escapatória.

Sem aparente plano algum, movido somente pela coragem, o andarilho caminhou lentamente pela rua principal. Assim que foi se aproximando a movimentação dos Jack foi ficando mais clara. Mais nítida. Estavam todos ali, agora diante dele. Haviam alguns objetos como barris e carroças que foram colocados para proteção dos Jack. Mas estes estavam todos de pé, pensando que o andarilho estava ali na verdade para se entregar, pois não seria louco de enfrentar todos juntos. Mas ele era, não louco, mas corajoso e inteligente, pelo menos mais que eles. Observou de um lado para o outro, tudo que ali estava. Contou um por um, todos os Jack, enquanto o dedo indicador batia no cabo do revolver. Era uma mania sua. Olhou, pela janela principal, pôde ver um vulto de um homem. Só podia ser o tal Grande Jack.

Olhou para cada arma que cada um possuía. Talvez fosse um pouco louco mesmo. Deu um leve sorriso. Isso atraiu a atenção de um deles, que resolveu começar as provocações:

- Então é você o forasteiro que anda matando nossos irmãos? Você deve ser maluco de vir aqui assim. Quando acabarmos, o Grande Jack vai pendurar a sua cabeça na entrada, pra que todos vejam o que acontece com que meche com os Jack!

O andarilho abriu um leve sorriso de deboche, olhou para o sapato, deixando seus olhos fugirem para debaixo da aba do chapéu. O homem então continuou:

- E é claro, assim que terminarmos com você iremos atrás daquelas vadias nojentas. He he, eu vou adorar pegar aquela putinha de jeito e ...

Bang!

O homem mal pode ouvir o barulho, e os outro mal tinham visto o andarilho sacar o revolver com a mão esquerda. O corpo do Jack foi ao chão e a fumaça do cano da arma do andarilho ainda saia do revolver quando um homem gritou de dentro da casa:

-Matem-no!

Imediatamente o andarilho sacou a segunda arma e ao fechar os olhos lembrou em voz alta:

- VINTE MINUTOS.

BANG!

A lâmpada da cidade explodiu em pedaços e com ela veio a escuridão. De longe pode se ver a figura de uma mulher com uma espingarda em mãos com o cano esfumaçado. Estava feito.

Com a escuridão veio o equilíbrio e ninguém podia ver nada. Os Jack entraram em desespero, e começaram a atirar para todos os lados. O barulho dos tiros era ensurdecedor, até que foi se calando. Um por um. Até restar somente um. Um único Jack, que ao se ver sozinho começou a atirar desesperado:

Bang! Bang!

- Ahhhhhhh, seu filho da mãe.

Bang!

Morreeeeeee!

Bang!

Morrreeeee!

Cleck, cleck, cleck.

Bang!

Um Jack a menos.

O andarilho entrou sozinho, sem nenhuma perturbação. Logo na entrada mais um Jack. Foi rápido e atirou com precisão bem no meio da testa:

Bang!

Andou mais um pouco e viu outro, e lá se foi o último tiro:

Bang!

Menos dois Jack, mas ainda faltava pelo menos mais um, e a munição já havia acabado. Abriu o revolver e teve a certeza:

-Merda!

Estavam os dois vazios. Foi então que desceu as escadas em passos calmos, um homem forte, cabelo negro com pequenos tons grisalhos. Uma camisa semiaberta na frente, com desenhos florais. Uma camisa horrível, logo pensou o andarilho. Mas não foi a camisa que chamou a sua atenção e sim o revolver prateado que o homem portava na mão direita.

Continua...