TEACHER III - FARSA - CAPÍTULO 2

FARSA – Capítulo 2

Quando fechou a porta, Laura sentiu um frio na espinha só de pensar no passo que estava prestes a dar. Respirou fundo e não quis colocar a razão diante do coração. Apenas sorriu e pensou em Rupert.

No intervalo, no dia seguinte, Rupert entrou na sala de Gerson e, sem mais rodeios, comunicou a ele sua decisão, com a cara mais trágica do mundo. Tipo novela mexicana mesmo.

- Fico feliz por você, filho, disse Gerson. – Acho que é o melhor pra você. Já contou à Laura?

- Não... Minha desistência começa daí. Não quero e não vou mais falar com ela. Dependo do término desse curso pra fazer minha vida e... já que não posso ter os dois... Acho que ela vai entender...

- Tenho certeza. A Laura é uma pessoa centrada e equilibrada. Quer que eu converse com ela?

- Não, não quero que ela saiba que mais ninguém sabe disso. Poderia... tomar alguma atitude impensada e estragar tudo pra ela mesma. Eu aguento a barra sozinho.

- Muito nobre da sua parte. Tem todo meu apoio, mas... depois de tudo que já aconteceu entre vocês... você não acha que ela vai... querer saber o que aconteceu?

- Eu vou dizer a ela o que disse pra você. Preciso pensar no meu futuro... Eu tenho um pai que depende de mim e ela sabe disso.

Rupert deu as costas e saiu da sala. Fez o possível para não rir sozinho no corredor. Matheus estava na porta da sala dos professores e o chamou, quando o viu passar:

- Rupert!

O rapaz parou e olhou para ele, assumindo novamente seu ar de tragédia.

- Foi conversar com o Gerson?

- Estou vindo de lá.

- Posso... saber o que você decidiu?

- Pergunte a ele. E parabéns! O corpo docente venceu mais uma vez.

Matheus sorriu levemente.

- Parabéns pela decisão. Você não vai se arrepender.

Rupert sentiu vontade de dar um soco nele, mas não disse nem fez nada. Tinha que continuar mantendo seu papel. Deu as costas e foi embora.

Matheus entrou na sala dos professores e sentou-se ao lado de Laura que fingia-se abatida por um motivo que não quis dizer a ninguém.

- Quer almoçar comigo hoje?

- Não. Estou com um pouco de dor de cabeça.

- Aconteceu alguma coisa entre... você e o Rupert?

Ela olhou para ele e suspirou, contendo-se.

- Eu não quero falar sobre isso com você, Matheus.

- Essa dor de cabeça é por causa dele, não é?

Laura não respondeu, fechou o diário de classe que estava folheando e ia levantar-se, mas Matheus segurou seu braço.

- Tenta esquecer esse garoto, Laura. Aonde isso vai te levar? Há mil garotas mais jovens, do lado dele, que fazem parte da turma dele...

- Não sei e nem quero saber do que você está falando, ela disse, tirando o braço da mão dele.

- Você sabe sim.

- Da minha vida... cuido eu! E eu gostaria que ninguém se metesse nela. Nem você, Matheus. Você não contou sobre isso pra ninguém contou?

Matheus ficou em silêncio por um instante e mentiu:

- Claro que não... Isso não é da minha conta, embora eu me preocupe com você... e com ele.

- Que bom. Fico feliz em contar com a sua discrição. Agora, com licença, tenho que dar minha aula.

Ela foi para sala do Terceiro ano e deu sua aula normalmente, como Rupert assistiu à aula normalmente. Tereza entranhou que ele estivesse natural demais na aula de Laura e, quando ela saiu da sala no final da aula, perguntou:

- Está tudo bem entre vocês? Você nem ficou vermelho hoje.

Ele estava anotando o resto do texto da lousa e disse, sem olhar para ela.

- A gente... terminou.

- Terminaram? Por quê?

Ele fechou o caderno e olhou para ela.

- Ah, Teca... Ela é... doze anos mais vivida, mas experiente que eu. Outra cabeça, outras ideias... Não ia dar certo.

- Mas e o que você sente?

- Eu supero. Tenho a minha vida inteira pela frente, não é? Ela não é a única mulher do mundo.

Tereza sorriu entre desconfiada e esperançosa. O discurso de Rupert parecia muito ensaiado e não parecia estar saindo de dentro dele, só da sua boca.

- Bom te ouvir falar assim.

Ela segurou a mão dele e ele apertou a dela também, tentando parecer triste e conformado. Tinha que manter aquela farsa até para melhor amiga.

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Welcome to my dreams...

CAPÍTULO 3