O TIME FAMILIAR: 11 X UM — "VAI TE QATAR" (2022)

O TIME FAMILIAR: 11 X UM— "VAI TE QATAR" (2022)

DULCE IT, “A COISA”, nunca foi mais do que uma extensão da maldade facínora dos pais. Essa maldade cresceu quando conheceu a prima sapatão, Terezona, que a influenciou sobremaneira desde então. Sempre teve o apoio dos pais e de seu principal representante, o coronel pêeme Fulano. Sua principal tarefa na vida era a vivência intensa e maquiavélicas tramas. Um dia chegou à porta de meu quarto, ao lado do irmão caçula, Toni Ratazana, dizendo que eu tinha de sair urgente, naquele mesmo dia, porque a casa tinha sido vendida e o comprador queria os cômodos desocupados. Lá fora estava um caminhão que levaria meus pertences a outro lugar. Ainda hoje, mais de década depois, continuam lá.

EU SIMPLESMENTE poderia me negar a sair. Mas, estava saturado de ver aquelas caras agourentas, sinistras, nefastas, cruzando comigo todos os dias. Eu poderia ter ido à delegacia do idoso reivindicar meus direitos. Resolvi mudar para um apartamento que passei a alugar de uma namorada que trabalhava no serviço público de saúde. Tonho Ratazana e Dulce It, “A Coisa” estavam a serviço do coronel Fulano, aquele que proporcionava mais orgasmos a Paizão, sentado em seu colo, do que a própria mulher dele, Mãezona, lhe tinha proporcionado. O coronel queria a casa para ele, para a filha se estabelecer no atendimento de cães. Ela havia se formado em veterinária e queria um lugar para comercializar serviços a cachorros.

EU, ERA UM cara simplesmente descartável, como sempre havia sido. Uniram-se todos para me tirar até o lugar onde poderia ler meus livros e dormir. Mãezona, Paizão Coisinha, Toni Ratazana, “A Coisa” e os demais membros da família (quem cala consente) unidos para, mais uma vez, me solapar. Todos tinham suas razões. Afinal, já sabiam, eu não era um deles. Era um Estranho naquele ninho de morcegos, escorpiões e serpentes. Nesse campo minado do futebol familiar, eu jogava contra o time de futebol deles e as demais reservas. Um massacre: todos contra um.

CADA UM DELES vivia segundo os mandamentos de levar vantagem sobre minha aparente debilidade no conceito dos interesses da família. Já haviam se estabelecido com famílias, filhos, negócios e empregos. Estavam todos bem encaminhados. Eu, vivia a valorizar a aquisição de conhecimentos. Era como se não tivesse sido parido do mesmo ventre de Mãezona. Meu DNA não combinava com o deles. Eu também estava farto das ameaças veladas de suas conversas, de suas pressões para me ausentar da proximidade deles. Eles tinham tentado, de todas as maneiras, me fazer participar do Inconsciente Pessoal e Familiar deles. Mas eu não havia nascido para ser cooptado pela vulgaridade insignificante de suas realidades e tramas.

A SOCIEDADE À qual pertenciam de corpo e alma, era a sociedade de interesses de mercado. Viviam da fixação de consumir. Consumir mercadorias do mercado de bugigangas, de drogas e de carne. Da carne que mais dia, menos dia, apodrece. O espírito, que também deveria alimentar seus corações e mentes, para eles era uma ficção de dementes. Eu via e sentia com toda clareza, que aquela família estava sob a comunicação, domínio e controle do mal. De algum DNA ancestral que os afastou de qualquer aproximação de algum valor que não fosse material. Pairava sobre ela, família, a nuvem invisível de interesses sórdidos, aleatórios. Todos eles se doavam, sem questionamentos, suas cabeças desprotegidas. Desprotegidas e tuteladas por pais psicóticos, sem que esboçassem a mínima reação a seus delírios. Cabeças sob comando do mal pessoal, familiar, social. Mal, sinônimo de atitudes mentais contrárias à virtude.

NINGUÉM PODE, suponho, viver num mundo autodeterminado por interesses pessoais, políticos, sociais, financeiros e econômicos, exclusivamente materiais, e não ser por esse mundo de interesses influenciado. É natural que exista muito pouco gente que consegue manter, ao lado dos esforços por sobrevivência, uma atitude de honra e dignidade. O investimento no tempo da espiritualidade é difícil. A possibilidade de ser honesto numa sociedade onde todos fazem chacota, zombarias e debocham de quem não busca ser o mais esperto, o mais ladino, escolado, finório, cigano, malandro, esse investimento em apuro, esmero, elevação, torna-se uma real impossibilidade.

ELES SABIAM que eu nunca estaria disposto a jogar o futebol que eles jogavam, tendo como treinador do time familiar, Paizão Coisinha e a sua implacável vândala, Mãezona. Ela havia subordinado os costumes e hábitos, os perfis do pior caráter do marido, para que sua própria natureza de mulher que se julgava detentora da superioridade da raça ariana, pudesse sujeitar e submeter não apenas ele, mas todos os demais membros do larbirinto. Que mais saberia ela ser, senão a supremacista inquestionável do larbirinto???

DULCE IT, “A Coisa”, estava de há muito subjugada pela influência nefasta da prima sapatão, filha da irmã de Mãezona a quem ela devotava um ódio irresistível, facilmente detectável nas opiniões que emitia sobre ela. Sua atitude “normal”, dela, “A Coisa”, era a de quem estava sob controle de uma entidade maligna de outra dimensão. Uma entidade que a fazia parecer um androide, um fantoche sempre fixado em alguma coisa que controlava seu olhar, gestos, fala, o modo de caminhar, e tudo o mais que viesse dela. Quando ela percebeu que eu não estava disposto a namorar sua filha peludinha, nem me permitir influenciar pela tentativa de Mãezona de fazer isso acontecer, então, a aversão e a malquerença que a dispunha contra mim aumentou de modo exponencial.

ELA E COISINHA Júnior, que me queria fora da casa de Paizão porque não conseguia conviver com alguém que não se subordinava às suas patologias, ao histerismo e ao histrionismo de comediante bufão que ele representava, estavam unidos para me fazer sair fora do quarto que eu ocupava na casa. Não apenas eles, eram todos os demais membros do time de futebol familiar que me queriam distante do clube da bola, da pelada familiar, único jogo sujo que sabiam jogar, ao qual haviam se associado.

TODOS ERAM, todos são membros da mesma sociedade esportiva familiar, nacional, da cooperativa do Grande Larbirinto de grupos, consórcios, empresas, estabelecimentos, ligações, centros, uniões, parcerias, assembleias, câmaras, ministérios, senado e governos. Todos estavam, todos estão irmanados em torno da vitimização de alguém, que não conseguiram arregimentar para seus intentos e subterfúgios, aos quais deviam e devem permanecer fiéis.

58 MILHÕES de eleitores cães fiéis e encabrestados ao matriarcado empoeirado e empoderado de mãezonas e paizões trogloditas, entidades patriotas da pátria dos mitos toscos, rudes, supremacistas. Com seus filhos nazifascistas, educados para serem jogadores de pelotas. Todos querendo e torcendo para que o time do qual fazem parte, seja campeão da nacionalidade familiar, a vestir a camisa de uma hegemonia de galera treinada para ignorar o alto grau de malignidade de seus governantes. Tipo o Bozo. Parece-me evidente que essas multidões de torce dores, não pode ser, ou estar, nessa dimensão do espaço tempo. Estão longe da percepção de si mesmos. Em outra Terra e dimensão que nem sabem.

DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 08/12/2022
Reeditado em 10/12/2022
Código do texto: T7667257
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