A Saga de Godofredo Parte II – A Cidade Fantasma

15.06.23

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Esprit, Cons., entrou em contato mental com Geoffrey, Godofredo, informando da situação crítica em que estavam, pois poderiam ser capturados a qualquer momento pelos “sans-cullote” da cidade próxima ao esconderijo na floresta.

-Fomos descobertos! Seremos capturados e sumariamente decapitados. Estamos nos bosques nas cercanias de Linthelles, distante 120 quilômetros de Paris. Pensei em ir agora até o local em que estão informando desta possível captura, como espião. Assim, vocês viriam para nos prender, ou melhor, fugir conosco – disse Cons.

Godofredo e Guillaume estavam reunidos com La Fayette para definir como comandariam as milícias da capital francesa, quando recebeu a mensagem de Cons. Ficou preocupado, demonstrando pelo olhar e expressão facial. Guillaume percebeu e deu um leve aceno com a cabeça para saírem.

Godofredo respondeu mentalmente a Cons.:

- Antes, quero que acompanhe quem os descobriu para sabermos como farão esta captura, informando-me .

-Certo!

A reunião seguia e resolveram fazer uma pausa para um café. Godofredo se levantou junto com Guillaume, que sussurrou ao seu ouvido:

-O que aconteceu? – ansioso e preocupado pela tensa reação demonstrada por Godofredo.

-Não posso falar agora, vamos levantar suspeitas em La Fayette.

Cons. olhou para o Barão e disse:

-Um dos revolucionários está seguindo as pegadas dos cavalos, e pode chegar aqui a qualquer momento. Vão vocês agora pela água do riacho, montados nos animais, e percorram uma boa distância, escondendo-se novamente. Eu vou distraí-lo. Vamos, rápido!

Juliette amparava sua mãe em pânico, pois ela repetia constantemente com a voz tremula e baixa:

-Não quero morrer! Não quero morrer!

-Não vamos morrer mamãe, confie em mim! Venha, monte em seu cavalo.

Limparam todos os vestígios da sua presença no local, inclusive as fezes denunciantes dos animais, e começaram a andar com eles na água do córrego, que corrente, abafava o barulho das pisadas, como o vento que sibilava nas folhas.

Cons., instantaneamente foi até o revolucionário Richard, que com olhar cuidadoso, e atenção no solo, andava a procura das marcas dos fugitivos.

Para distraí-lo, começou Cons. a se deslocar rápido e invisivelmente para vários lugares, e em cada um, ou jogava uma pedra, ou balançava um galho de árvore, ou imitava o relinchar de cavalo, para que Richard mudasse o foco da sua atenção.

-Mas o que está acontecendo? Não consigo ver o que provoca os barulhos. Será que o bosque é mal-assombrado? – demonstrando temor em sua voz.

Cons. ouvindo o comentário de Richard pensou:

–Vamos então torná-lo fantasmagórico.

Invisível, pois como é a consciência de Godofredo transfigurada em ser humano e pode assim se transformar, quebrou um grande galho de uma das árvores , e andou empunhando-o em direção até Richard, soltando risadas altas e ameaçadoras.

Apavorado e estático de medo com a cena, Richard saiu em disparada, correndo pela floresta com o galho em seu encalço soltando gritos e berros aterrorizantes.

Richard saiu da floresta e seguiu pelo capim alto até a estrada, continuando no mesmo ritmo até à cidade, aterrorizado. Cons. sorria!

Ao servir-se de café, Godofredo propositadamente entornou o bule , obrigando a La Fayette ir para a cozinha fazer mais. Godofredo então sussurrou a Guillaume:

-Cons. disse que foram descobertos pelos revolucionários no bosque de Linthelles, e iria saber como farão a captura com a milícia da cidade, a meu pedido. O plano é: sabendo como executarão a prisão, ele virá aqui como espião e nos informará para que possamos ir até lá e fazer a captura.

-Estão todos bem, não? – perguntou Guillaume.

-Sim!

Cons. já na vila de Linthelles, e invisível, juntou-se aos revolucionários na praça principal da cidade, com Richard ofegante e falando aos borbotões, contado o que aconteceu na floresta:

-A floresta está mal-assombrada! Cheia de fantasmas. Eu vi e ouvi, com meus olhos e ouvidos, eles berrando e gritando assustadoramente por todos os lados, e um deles, me atacou correndo com um galho de árvore que flutuava sozinho! Não volto lá de jeito nenhum!

A multidão, ouvindo o relato de Richard, começou a inquietar-se e murmurar frases de espanto e medo:

-É bruxaria! Coisa do Demônio!

Cons., invisível, ria de satisfação do que ouvia.

-Mas Richard, e os fugitivos? Conseguiu vê-los, ou saber em que local estão? Vamos todos juntos enfrentar os fantasmas que diz ter no bosque – falou Jules.

Mais murmúrios e falas da multidão ecoaram mais alto:

-Eu não vou! O diabo é mais forte do que nós! As bruxas vão nos jogar maldição! Vamos virar sapo!

-Sim, vão sim! Se forem lá, verão que eu não estou louco! – completou tremulo Richard.

Então Cons. teve uma ideia. Foi até o estábulo e soltou todos os cavalos, afugentando-os em disparada sobre a multidão na praça com a risada assustadora que dera na floresta para Richard.

Atônitos e desesperados, os habitantes de Linthelles fugiram aterrorizados para suas casas, trancando-se.

Nenhuma viva alma ficou e o silêncio tornou-se sepulcral.

Cons. ria alto e forte pela praça, com o som ecoando assustadoramente pelas paredes de pedras frias das construções.

Agora, Linthelles era de fato uma cidade fantasma.

Nota do Autor:

Obra ficcional e qualquer semelhança é mera coincidência.

Fernando Ceravolo
Enviado por Fernando Ceravolo em 14/06/2023
Código do texto: T7813691
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