A CIDADE DO TERROR capítulo 2: O rapto da cantora

 

CAPÍTULO 2

 

 

O RAPTO DA CANTORA

 

(No episódio anterior vimos como Cindy, Celeste, Eliana e Rosa se reuniram numa casa de espetáculos e refeições para assistirem a apresentação da famosa cantora cigana Gipsy Green, e conversaram sobre a experiência que haviam tido com o misterioso monolito do museu, que de alguma forma lhes havia iluminado seus espíritos. Mas, durante a apresentação da artista, todas as luzes se apagaram...)

 

 

 

Seguiram-se cenas vertiginosas.

Gritos histéricos, empurrões, estranhas figuras encapuçadas no palco,,, Gipsy gritando aterrorizada,,,

bombas de efeito moral sobre a platéia, o pânico na multidão, o empurra-empurra...

Quando os holofotes se acenderam, minutos depois, Gipsy desaparecera do palco. As quatro meninas viram-se separadas umas das outras, levadas de roldão pela turba. E a polícia chegara (como sempre) tarde...

Quinze minutos passados após o apagão, uma porta se abriu no heliporto e por ela surgiram três homens e uma mulher com seus rostos ocultos por capuzes que lhes davam uma aparência de Ku-Klux-Kan; e arrastavam uma ciganinha amordaçada e com as mãos atadas nas costas. Gipsy debatia-se furiosamente, mas era inútil.

Os guardas do heliporto, já alertados por rádio, vieram correndo... só para serem varridos por franco-atiradores antes de poder enfrentar os sequestradores.

Havia um helicóptero prateado aguardando o grupo, perto da torre do relógio. Eles correram com a moça, o piloto fez descer a rampa, e Gipsy foi empurrada para a frente, o pavor estampado em seus olhos, impotente para reagir.

Subitamente, umas faíscas em forma de meias-luas vararam o ar e roçaram violentamente nos bandidos; um deles, que segurava Gipsy, largou-a com um gemido de dor: sua mão direita estava queimada.

— Parem vocês todos — disse uma voz feminina.

Olharam para cima. Acomodada no grande ponteiro das horas (eram 21.35) estava uma figura esguia, vestida de preto, com capa e máscara e os braços cruzados no peito.

— A morte segue a vida, mas ambas são um dom de Deus. Ninguém senão Ele tem o direito de tirar a vida.

“A beleza e a arte não devem ser maculadas por mãos sujas”.

“Soltem-na!”

— É uma louca! — disse um dos bandidos, o mais baixo.

— Não! — disse a mulher, raivosamente. É a tal da Centelha Negra! Atirem logo nela!

Eles tentaram, mas a misteriosa personagem fez um movimento com a sua capa e uma chuva de meias-luas incandescentes apareceu, caindo vertiginosamente. As armas não dispararam; a Centelha Negra pulou no meio deles, como se tivesse o dom de voar, e jogou mais faíscas que saíam de seu uniforme. Os marginais sentiram-se queimados, apunhalados por aqueles raios; Gipsy espertamente jogara-se ao chão. A mulher do grupo saltou sobre a Centelha, procurando seus olhos; Gipsy estendeu a perna e a fez tropeçar. A Centelha chutou a cara da mafiosa... uma cara invisível por causa do capuz. A mascarada ajudou a cantora a se erguer e tirou-lhe a mordaça:

— Vamos sair daqui antes que eles se recuperem!

— Mas como? Para onde?

— Eu tenho um jato portátil. Venha!

Enlaçou Gipsy com o braço direito, apertando-a bem, e com o esquerdo ligou o aparelho que tinha preso na cintura.

— Espere! Vai me levar amarrada?

— Não tenho tempo de soltá-la agora, aguente firme!

Quando levantaram vôo a Centelha Negra arrependeu-se por haver retirado a mordaça da moça, porque ela gritou tudo o que tinha direito. Os bandidos, porém, já se reorganizavam e disparavam suas armas; a velocidade vertiginosa em que subiam colocou-as em segurança.

— Eu quero descer! Quero descer! — gritava Gipsy, e chorava.

A mascarada pousou na platibanda de uma gárgula da Torre Meteorológica, quilômetros adiante. Gipsy magoou os pés nus, pois não foi possível um pouso suave. Choramingou enquanto a Centelha a desatava.

— Ora, pare de chorar, por favor! Eu sou sua fã e não gosto de vê-la chorar!

— Verdade? Você é minha fã, Centelha Negra? É bom saber disso.

E assim dizendo enxugou as lágrimas e beijou sua salvadora.

— Mas quem é você, afinal?

— Isso eu não posso dizer. Queria saber onde estava a polícia esse tempo todo!

— A polícia dessa cidade... é uma ...

— Sabe quem deseja seqüestrá-la, e por quê?

— Eu não faço ideia... mas andei recebendo umas ligações anônimas. O Assis, meu empresário, queria avisar a polícia mas eu não deixei.

— Não deixou? Mas por que, Gipsy?

— Eu não ia aceitar a presença dos Macacos Negros nos meus shows... eles iam acabar espancando os meus fãs!

— Eu entendo. Você gravou os telefonemas?

— Não, eu não fiz isso. Sei que devia ter feito, mas sou muito dispersiva.

— O que é que queriam?

— Era um homem muito mal-educado... ele falava em nome do Espectro, e queria dinheiro a rodo... muita gente do meio artístico está sendo achacada por essa figura.

A Centelha franziu as sobrancelhas.

— Deveras? Então esse assunto é muito grave. Sabe quem é o Espectro?

— É claro que não! Nem faço ideia...

— Pois na próxima vez que receber uma ameaça, marque um encontro para entregar o dinheiro.

— O que? Você acha que eu devo?

— Não! Eu manterei contato com você... e pegarei quem vier buscar o dinheiro!

— Eu vou sofrer represálias!

— Prefere que eles nos dominem a todos?

— Eles quem?

— Eles. Quem quer que esteja por trás disso.

— Veja!

Dois helicópteros da polícia se aproximavam e uma voz se fez ouvir pelo megafone de varredura:

— Centelha Negra, renda-se e liberte a sua prisioneira, ou sofrerá as conseqüências!

— Prisioneira de você? Eles estão loucos! O que vai fazer?

— Segure-se em mim!

— Não! Eu não quero voar de novo!

— Seja razoável! Eu tenho que escapar e não posso deixá-la aqui; você cairia para a morte!

A Centelha Negra enlaçou Gipsy e levantou vôo, rodeando a torre; agora penetravam na Floresta de Torres, e os helicópteros abriram fogo.

— Malditos Macacos Negros! — sibilou Gipsy. — Estão querendo me matar?

À distância a mascarada reconheceu o helicóptero prateado que se aproximava ziguezagueando pelos espigões. A Centelha aproximou-se das torres dos sinos da Igreja de S. Francisco de Assis. Ao fazê-lo atraiu a atenção do helicóptero dos bandidos, que veio vindo, rodeou a última torre... e bateu de frente com um dos helicópteros da polícia, o que vinha na frente e também em ziguezagues.

A mascarada lançou uma zarabatana eletrônica sobre o outro helicóptero, inutilizando a sua hélice e provocando a sua queda em espiral..

 

(A sensacional salvação da cantora pela intervenção da misteriosa Centelha Negra foi atrapalhada pela própria ação da polícia. A Centelha teve de enfrentar o próprio helicóptero da polícia. O que pode estar por trás disso? E quem é a Centelha Negra? Aguardem o próximo episódio:

REPERCUSSÕES NA IMPRENSA)

 

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Miguel Carqueija
Enviado por Miguel Carqueija em 28/09/2023
Reeditado em 29/09/2023
Código do texto: T7896684
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