Quando Ele nos encontra - Capítulo 3: O começo de várias histórias

Mais um dia começando, Natália decidiu não contar nada para sua irmã, só agir naturalmente até já ter esquecido o que aconteceu.

– Bom dia, Nat!

- Bom dia, Júlia! - Natália respondeu tentando sorrir.

- O que aconteceu?

- É tão fácil assim para você descobrir!?

- É, sim.

- Ah, eu não ia te dizer nada. É que ontem deu tudo errado lá na loja. As pessoas não foram com a minha cara.

- Eu te disse para ser mais como eu!!! - Júlia disse dando uma voltinha sorrindo.

- Só você mesmo. - Natália respodeu rindo. - Mas sabe que ontem eu resolvi ler aquela Bíblia? E ela me ajudou um pouquinho, eu acho.

- Sério? Eu também estou lendo a Bíblia. Vamos ler algum capítulo juntas depois?

- Pode ser. Tem algumas coisas que quero ler mesmo.

No final do dia, depois de muito trabalho da Natália com as decorações dos cadernos, a Júlia chegou na porta do quarto:

- Vamos fazer nossa leitura diária?

- Mas acabamos de dizer que íamos ler, como já virou uma leitura diária? - Natália respondeu rindo.

- Ah, eu decidi.

Elas se sentaram uma do lado da outra na cama e Júlia abriu no capítulo 15 de Lucas, na parábola do filho pródigo.

- Vamos ler essa história aqui?

- Na verdade eu queria ler outra coisa, mas podemos ler essa história então.

- Ok, vamos lá! "Jesus continuou: “Um homem tinha dois filhos. O mais novo disse ao seu pai: ‘Pai, quero a minha parte da herança’. Assim, ele repartiu sua propriedade entre eles. “Não muito tempo depois, o filho mais novo reuniu tudo o que tinha e foi para uma região distante; e lá desperdiçou os seus bens vivendo irresponsavelmente. Depois de ter gasto tudo, houve uma grande fome em toda aquela região, e ele começou a passar necessidade."

Júlia parou de ler e disse:

- Está vendo? Não saia gastando tudo por aí!

- Até parece que eu faria isso, né? - Natália respondeu rindo e tentando bater nela. - Aém disso ele é o filho mais novo... você que tem cara que ia fazer isso.

- Continuando... "Por isso foi empregar-se com um dos cidadãos daquela região, que o mandou para o seu campo a fim de cuidar de porcos. Ele desejava encher o estômago com as vagens de alfarrobeira que os porcos comiam, mas ninguém lhe dava nada. “Caindo em si, ele disse: ‘Quantos empregados de meu pai têm comida de sobra, e eu aqui, morrendo de fome! Eu me porei a caminho e voltarei para meu pai e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e contra ti. Não sou mais digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados’. A seguir, levantou-se e foi para seu pai. “Estando ainda longe, seu pai o viu e, cheio de compaixão, correu para seu filho, e o abraçou e beijou. “O filho lhe disse: ‘Pai, pequei contra o céu e contra ti. Não sou mais digno de ser chamado teu filho ’."

- Que coragem! - Disse Natália. - Ou não, eu acho que ele não tinha opção, mas a culpa foi dele mesmo. Igual todas as escolhas, né? Dá vergonha, mas voltar para a casa onde sabemos que alguém nos ama é a melhor opção mesmo.

- Tá, vamos continuar... "“Mas o pai disse aos seus servos: ‘Depressa! Tragam a melhor roupa e vistam nele. Coloquem um anel em seu dedo e calçados em seus pés. Tragam o novilho gordo e matem-no. Vamos fazer uma festa e alegrar-nos. Pois este meu filho estava morto e voltou à vida; estava perdido e foi achado’. E começaram a festejar o seu regresso. “Enquanto isso, o filho mais velho estava no campo. Quando se aproximou da casa, ouviu a música e a dança. Então chamou um dos servos e perguntou-lhe o que estava acontecendo. Este lhe respondeu: ‘Seu irmão voltou, e seu pai matou o novilho gordo, porque o recebeu de volta são e salvo’. “O filho mais velho encheu-se de ira e não quis entrar. Então seu pai saiu e insistiu com ele. Mas ele respondeu ao seu pai: ‘Olha! todos esses anos tenho trabalhado como um escravo ao teu serviço e nunca desobedeci às tuas ordens. Mas tu nunca me deste nem um cabrito para eu festejar com os meus amigos. Mas quando volta para casa esse teu filho, que esbanjou os teus bens com as prostitutas, matas o novilho gordo para ele!’ “Disse o pai: ‘Meu filho, você está sempre comigo, e tudo o que tenho é seu. Mas nós tínhamos que celebrar a volta deste seu irmão e alegrar-nos, porque ele estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi achado’ ”."

Quando Júlia terminou de ler, ela olhou para Natália e viu que ela estava chorando.

- Por que você está chorando?

- Ai, porque será? Nem eu sei. Acho que estou feliz e triste ao mesmo tempo. Feliz porque ele decidiu voltar, sendo que o pai dele provavelmente queria muito isso. Mas triste pelo irmão, parece que ele não gostava muito dele.

- Na verdade eu acho que o irmão dele é como as pessoas que fazem tudo certo perante a sociedade, mas não querem que ninguém esteja bem ou melhor que eles.

Natália olhou para a irmã surpresa:

- Filosofou agora, Júlia! - Disse batendo palmas.

- Não... Mas é sério. E o filho pródigo é como as pessoas que desperdiçam a vida e tudo o que ganha com coisas como festas, drogas e consumismo exagerado, invés de estar perto de Deus, que é o pai, e fazendo coisas boas.

- Uau, quem diria que a minha irmã era tão esperta assim?

- Sim, eu te disse para se espelhar em mim!

- Tá bom, Júlia, agora vai dormir, que amanhã tenho mais coisas para fazer.

- Ai, tá bom, chata! Agora que a conversa estava ficando boa. Vamos ter que fazer isso diariamente.

- Tá, tá, tchau. - Disse Natália empurrando a irmã para fora e fechando a porta.