Apoteose.

Ao som de um velho violino Matteo ensaia uns passos de dança, não sabe se alguém o vê ou se toma atenção às notas desafinadas que seu amigo de rua tira com seus dedos trémulos.

Está frio, todas as pessoas se apressam a fazer as suas compras, afinal é véspera de um feriado e com ponte da sexta-feira, todos tem em mente sair para costa e procurar um pouco se sol. Matteo já não se alimenta à dois dias, seu aspeto magro e sua aparência triste afugenta os transeuntes.

Mas se resigna a continuar a dançar na esperança que alguma moeda caia no seu chapéu gasto, como por magia alguém reconhece aqueles passos de dança, -Você é Matteo? indaga um cavalheiro bem vestido de aparência sóbria e respeitadora, -Sim, responde encarando o sujeito com indagação.

-Meu caro eu sou o diretor da opera de Viena, vi você há dois anos em Nova Iorque, que faz na rua, ...pedindo?

-É uma longa historia, que eu queria esquecer, apenas tento sobreviver. Vagner, assim se chamava o diretor, ficou indignado, convidou Matteo, e seu amigo violinista, a o acompanharem para Viena, estavam a 4 horas de distância, chegados á cidade inscreveu o amigo de Matteo numa escola de cordas, no hotel onde os instalou ordenou que nada lhes faltasse, inclusive um bom cliché de boa roupa.

Matteo, como combinado com seu salvador de carreira, se apresentou nos ensaios de um recital e passados dois meses foi á cena um extraordinário espetáculo.

-Obrigado, Sr. Vagner, sem você continuaria esperando moedas para comer meia sanduiche, eu e Roger. Ambos conseguimos a apoteose em termos de carreira.

Terminada a temporada Matteo e Roger integraram a equipa de atores que partiram em uma digressão mundial.

-Sem palavras, agradeceu Vagner ao seu elenco. Muito obrigado a todos

RuiCoutinho
Enviado por RuiCoutinho em 12/04/2024
Reeditado em 13/04/2024
Código do texto: T8040153
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