Senhor,

Eu acredito que todas as coisas têm sua razão de ser,

Também acredito que nada acontece sem Vosso conhecimento,
Assim como acredito que nosso fardo é proporcional a nossa força;
Mas ando muito cansada Senhor, são tantas as perdas, as feridas que é impossível não me perguntar pela razão de tanto sofrimento.
Há quem acredite que estas provações são necessárias ao nosso crescimento e aprendizagem neste plano;
Se for assim Senhor que lição tão difícil é esta que não consigo aprender?
Que doloroso aprendizado é este onde preciso ver sofrendo pessoas que amo tanto?
De todas as perdas e dores talvez esta seja a mais difícil, pois o sofrimento é mais pelos que amo que por mim.
Não é fácil ver estampada nos olhos de meu esposo e filhos a dor pela perda sofrida de forma tão trágica.

Como não sofrer diante de um pai que perde seu primogênito? Como não angustiar-me com a dor de meus filhos que choram a perda de seu irmão tão querido?
O que fazer diante desta ferida que sangra através das lágrimas contidas, dos soluços reprimidos e do pranto rasgado?
Como calar este grito mudo que leio nos olhos deles?

Perdoe-me Senhor, por não aceitar serenamente este momento, mas o Senhor me conhece, sabe o quanto é difícil para mim ver, sem questionar, o sofrimento daqueles que amo.
 Ainda não alcancei este grau de evolução, quem sabe um dia eu chego lá?
 Mas, por favor, até lá, ensine-me de forma menos dolorosa, ou, pelo menos, não envolva aqueles que amo nas duras lições que preciso aprender. 

 


*Sábado, dia 03, às 3h30mim faleceu, de acidente de moto, Milchel, o filho mais velho de Omar, na foto o que está de camisa de mangas comprida

Este texto faz parte do Exercício Criativo - Um Dia Eu Chego Lá
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Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 05/07/2010
Reeditado em 05/07/2010
Código do texto: T2359161
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