Despertai-me
Porque querer amar um amor se não o desperta?
Porque alongar a esperança num estado terminal?
Não há dolo...
Não há o que eu ame, e que eu me faça voluntário...
Despertai-me ao Amor da verdade
Pois minhas palavras ecoam disformes...
Despertai-me a Vida, ó amado Senhor!
Doçura que não me trata como o sou
Acende-me...
Pois que da morte estou todo absorvido.
Que abastado de tanto
padeço de tamanha fome...
Que imerso em minhas águas
seca-me um desejo a sede...
Que de sorrisos que expresso, compartilho e contemplo,
padeço enganado, acreditando que tudo logo passa...
Já os sorrisos não me convencem
já a calmaria não convalesce
já o meu coração, um esgoto, aos Teus olhos de céu aberto,
e mesmo que durma na silenciosa noite, a temperatura do meu corpo
é a Luz do Teu Espírito, que brilhou em mim todo dia,
onde com todo o teu Amor, percorreu meus sentidos dormentes,
renovando-me num exame silente até a chegada de outro dia em mim,
onde sem te cansares, renovas assim as suas misericórdias,
pois, Tu, ó Santo Deus, nunca dormes!
E como digo despertai-me?
Já minhas queixas, Tu não ouves o que sondas!
Se não por estas linhas incoerentes do meu clamor ilógico!
Mas Senhor... digo-Lhe... Despertai-me...
Outra vez...
Despertai-me!
Talvez ainda chore pelos meus pecados
e reconheça num mar de lágrimas,
a grandeza humilde e sublime do teu incompreensível Amor,
e desfrute ainda que nesta breve vida, a verdadeira alegria de Te servir!
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"Criastes-nos para Vós e o nosso coração vive inquieto, enquanto não repousa em Vós."
Sto Agostinho