Oração da mãe que sonha
Senta aqui, meu filho.
Naquele banquinho, embaixo do flamboyant do Rio Grande.
Do lugar de tantas pelejas, de tantas saudades, sonhos e amores vãos.
Senta aqui, meu filho, para ver melhor.
Para que você possa perceber Deus nos olhando de óculos, atento às nossas incertezas, ao nosso coração pesado e ao nosso medo.
Senta aqui, meu filho, para aprender com o passado, perdoar as coisas do tempo – ah! Como é difícil o perdão! Como dói deixar prá trás as raízes do choro de lágrimas grossas de tanto sal!
Senta, meu filho, e sinta o cheiro de toda a natureza e a acredite que você também é a luz do mundo, como todos os outros.
E passe a perceber na sutileza da existência, nas palavras do vento, nas coisas e pessoas que vão a difícil arte da vida.
E acredite na inspiração divina que somos capazes de fazer o mundo caminhar melhor, mesmo que pouco. Creia nos teus passos, nos teus sonhos e compreenda todos os pesadelos, rudes e metafóricos. Pesadelos passam em segundos.
Debaixo do frescor do flamboyant aproveite para deixar a luz do céu entrar no coração, que também saiu de dentro de mim.