ORAÇÃO DO NATAL

ORAÇÃO DO NATAL

Nosso Mestre e Senhor: mais uma vez o mundo acaba de comemorar o aniversário de teu natalício. Mas, de que modo? Envolto em brumas de hostilidades reciprocas, de desconfiança mútuas, mantendo essa atmosfera de dúvidas, receios e apreensões. O homem continua sendo o maior inimigo do homem.

As nações entreolham-se como feras que, de quando em vez, lambem as comissuras dos lábios impregnados de sangue. Protestam amizade, desfazem-se em hipócritas expressões de fementido afeto, animando no interior fome e sede de cruentos repastos. A louca ambição, o desmedido orgulho, a avidez de sensuais prazeres campeiam infrenes embotando os sentimentos, embrutecendo e enfermando a mente.

Em tais condições, Senhor, é que a Humanidade atual acaba de honrar a época que assinala a tua passagem pela Terra. Festas, músicas, pagodes e regabofes, profanos e religiosos, tiveram lugar nos templos de pedra, nas casas de pasto e nos lares. Em tua honra , Senhor, hinos e cânticos foram entoados em profusão; luzes multicores reverberaram embelezando as naves onde centenares, milhares mesmo de pessoas genuflexas te renderam louvores. O bimbalhar do bronze saudou a aurora do teu dia com desusado garbo e garridice. Mas, Senhor, aceitarás tu essas ovações e honrarias? Serás acaso semelhante aos homens que abafam o interior deixando-se arrastar por influencias rumorosas do exterior? Tu te comprazerás nesses festejos que te dedicam aqueles que vivem divorciados do ideal de paz, de fraternidade e de justiça, pelo qual te sacrificaste? Dar-se-á, Senhor, que os homens ignorem a súmula de teus preceitos, a base de tua moral? Se esta geração nunca te viu, e assim desdenha tua moral, porque te homenageia tanto? Onde os mentores do povo? Os rabinos das modernas sinagogas para instruírem as gentes sobre aquelas tuas santas e sugestivas palavras: “Se estiveres apresentando tua oferta no altar, e aí lembrares que há alguém que tem contra ti alguma coisa, deixa ali tua oferta no altar, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão, e depois vem apresentar a tua oferenda”.

Mestre e Senhor! Tem piedade das loucuras, das fraquezas e da hipocrisia da Humanidade.

NAS PEGADAS DO MESTRE - VINÍCIUS

Pedro Prudêncio de Morais
Enviado por Pedro Prudêncio de Morais em 15/12/2011
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