Sabe Pai, quantas vezes...
Sabe Pai, quantas vezes, nestes tempos
em que minha consciência é mais minha,
e nos instantes em que sinto que o meu eu
é mais meu,
eu me pego de soslaio, questionando:
- onde colocar meus olhos para ver um algo,
alguma coisa que não tenhas criado para mim?
- onde encontrar sons que não toquem minh’alma
para dizer-me coisas da vida?
não só da minha vida,
mas, da vida que se faz ouvir no balouçar
das folhas das árvores e das flores,
provocado pelo movimento do vento;
dos pássaros que voam de cá pra lá a cantar
seu contentamento por viver?
Já não consigo mais não Te enxergar;
Já não consigo mais não Te sentir;
Já não consigo mais não sentir Teu cheiro;
Já não há mais como não saber que forma tem as Tuas formas;
Já me é impossível não saber que cor é as cores que tuas formas têm;
Já não me é desconhecido o Teu tamanho;
Já não mais consigo não saber ou reconhecer o tom da Tua voz;
Já não consigo mais andar, caminhar apartado de Ti;
Já não consigo não saber por onde Tu andas e caminhas;
Já o som dos Teus passos e o sentido do Teu caminhar me são conhecidos!
Só porque, Pai, eu, simplesmente, aprendi a olhar,
Só porque eu, simplesmente, aprendi a ouvir,
Só porque eu, simplesmente, aprendi a sentir o pulsar da vida!
É só por isso, porque olho e ouço e sinto,
eu Te tenho comigo em todos os momentos que o
movimento e o som da vida provoca a vida em mim!