À ruptura

Oh, senhora que leva a todos nós desse globo e nos envia para o desconhecido; a senhora que é a inevitável; a indesejável; a necessária… Oh, senhora que nos liberta dos sofrimentos e das dores físicas, que a sua ilusão não recaia sobre nós! Que continuemos aqui enquanto passeia pelo invisível, intocada e improvável! Oh, senhora da foice que ceifa nossos dias e noites, permita-nos aproveitar um pouco mais desse mundo, ainda que às vezes as situações possam querer chamá-la. Que possamos aprender ao máximo e que o que expusermos esteja longe de sua longa capa! Que nossos amores tenham alento quando a senhora vier e que jamais a vilanizem quando a dor for grande e a fé, pequena! Que não tenhamos medo da senhora, quando nossos cabelos agrisalharem e nossas forças diminuírem! Sabemos que nossa confiança no Ser maior nos ajudará a atravessar os seus portais, por isso, peço que sua ideia não nos assuste, nem nos angustie; pelo contrário: que a vejamos como uma passagem para o outro lado; aquele no qual já estivemos e para onde ainda voltaremos e muitas vezes! Que nosso momento seja tranquilo; o meu, dos meus amigos e dos nossos familiares! Que a saudade não nos aproxime da senhora, pois não queremos dar-lhe a mão antes da hora! Oh, senhora! Que tenhamos paciência nos nossos atos para evitá-la; para que possamos ter mais alegrias a cada instante desta jornada! Que não saibamos da sua vinda e que ela nos traga serenidade ao coração! Que deixemos o melhor de nós aqui nesse plano, considerando toda a nossa imperfeição! Pedimos pelos que sofrem nas camas de hospitais; muitos sem carinho e em condições precárias. Que, se de algum modo fores inevitável, que sejas breve e que logo lhes ceifes também o tormento! Pedimos também por aqueles que a desejam. Que eles parem de buscá-la, seja por tentativas frustradas de fuga da realidade (muitas vezes insuportável), seja por atitudes de clausura e auto-rejeição! Que todos nós saibamos aproveitar cada momento e valorizar cada pessoa amada antes que venhas e nos tire tais oportunidades! E quando de mãos dadas a ti, que não temamos mal algum, tendo o coração em paz!

Tom Cafeh
Enviado por Tom Cafeh em 14/09/2016
Reeditado em 27/12/2019
Código do texto: T5760808
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