ESPANHOLA

Esta oração não é minha, ou seja, não a criei.

Minha avó a recitava, todos os dias, pela manhã, olhando o nascente.

Certa feita, li uma entrevista com o cantor-ator Fábio Júnior, em que ele declarou a oração que rezava. Era esta, traduzida ao português, com algumas adições.

Em outra ocasião, minha cunhada perguntou-me se eu sabia de uma oração muito poderosa, uma vez que tinha ascendência espanhola.

A sua avó, e por conseguinte, avó de meu marido, a rezava.

Declamando-a, descobri que era a oração que ela procurava.

Não sossegou até que a transcrevesse no papel, para que pudesse rezá-la, em casa.

Para os filhos e netos dos espanhóis que deixaram suas terras, e também para aqueles que, ainda que não tenham a mesma ascendência, mas puderem traduzir nela algum interesse, transcrevo-a.

Ora-se persignando-se na testa, nos lábios, no peito, enquanto acompanha-se as estrofes.

Ao final, fazendo-se o sinal da cruz.

"Librame, Dios

De mis malos pensamientos

De mi para con losotrosY de losotros para conmigo.

Librame, Dios

De mis malas palabras

De mi para con losotrosY de losotros para conmigo.

Y librame, Dios

De mis malas acciones

De mi para con losotros

Y de losotros para conmigo.

En nombre del padre,

Del hijo

Y del espirito santo

Amén."

Parece bastante simples, mas não é.

Não é um processo de negação, mas de vigilância.

Primeiro, para a definição do que sejam "maus pensamentos, palavras e ações".

Poderia defini-los como as atitudes que não quereríamos voltados a nós mesmos.

Igualmente, não seria satisfatório o afirmar "não sinto, não falo, não faço".

Mas o reconhecer quando ocorre, policiar-se.

Não somos perfeitos, e jamais o seremos.

Implica o processo em um conhecer-se.

Conhecer-se, como no famoso lema Socrático, conhecer da própria ignorância.

Para isso é preciso humildade, coragem e discernimento.

Para não construirmos virtudes que não temos.

Para não sermos hipócritas conosco mesmos.

Por fim, para que compreendamos o próximo, que é um espelho da nossa alma.

Quem atiraria a primeira pedra?

Maria da Glória Perez Delgado Sanches

Membro Correspondente da ACLAC – Academia Cabista de Letras, Artes e Ciências de Arraial do Cabo, RJ.

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