Antes de dormir

Pessoas como eu não sofrem por amor, viram a página, erguem a cabeça com orgulho e passam adiante, mas chegam épocas que se passar adiante se torna cruel demais e de uma prova de auto-suficiência e confiança em excesso vira-se solidão.

Essa negação de outras pessoas e do mundo chamada de solidão fazem pessoas como eu, acostumadas em nunca se curvarem ou se baterem, ou repensar no que aconteceu viver de retrospectivas amargas, como jogadores de futebol brilhantes que quando perdem alguma partida tentam rever os lances em busca do erro, porém a equação sempre pode ficar mais complexa. Adiciona-se arrependimentos, decepções e desilusões; subtraí-se á confiança, amor, compreensão e amizade, depois divide-se ao tempo que pode melhorar ou potencializar o ruim cenário que mais se assemelha a ruínas de uma grande cidade que já foi imperiosa um dia.

Sentir como eu, tentar racionalizar equacionando momentos que incomensuráveis. Comparando a vida à uma lata de metal que oxida, enche e se esvazia. Sendo que tal vazio nem sempre é mal, pode ser ótimo para aliviar tensões do passado e fazer voar...Como pessoas que sonham e se modificam a cada passar. Por mais que o cenário caia sobre suas cabeças e tudo vire ruína e caos – arriscam, tem personalidade forte, erram , mas sabe que o acerto se aproxima no caminho de cal, pó, pedras e cimento.

Poetas/poetisas como eu, empresários(as) como eu, arquitetos (as) como eu, engenheiros (as) como eu, cantores (as) como eu, atores/atrizes como eu motoristas como eu, estudantes como eu, e consigo ver que existe um milhão ou mais de “eus” , sozinhas ou acompanhadas de tantos eus diferentes e iguais.

Cada vez mais só e presentes por pouco tempo, mas eu não quero deixar um legado de tristeza por onde passar e quero encontrar “ alguéns” , braços amigos para repousar, sem ser refém de desencontros e indecisões sem parar em dias com apenas esperanças,perdida com capacidade de amar tudo e nada. Rezando para deuses diferentes e deixando de rezar, mas sem parar de acreditar.