ETERNAMENTE CRIANÇA

Louco. Doido. Maluco. Deficiente mental. Retardado. Mongolóide. Tantas são as palavras para definir um ser humano fora do padrão convencional. Convencional. Vamos lá. Será o melhor. Será o mais usual, prudente, ou agradável aos olhos e ouvidos? Bem, posso começar a me defender assim: se você fosse viajar de ônibus, a uma longa distancia, qual ônibus você iria preferir, o convencional ou o especial, convencionais são mais baratos, logo, para distancias e períodos curtos, fazem bem seu papel, mas a longas distancias, se for realmente viajar, tirar os pés do chão, sempre há de preferir o especial, o leito e por ai vai. Inconscientemente sempre optamos pelo comum, pelo normal, convencional. Ser diferente custa caro, quase impagável, quase impossível, quase, quase. Na verdade, faria tudo outra vez, cada cabelo raspado, cada moicano, cada porre, cada loucura, cada transa, cada amigo de um dia, cada vida em uma noite, cada milímetro que percorri, faria sim, pagaria tudo outra vez, afinal, o preço é quase...e quase não é absolutamente. Ser diferente do resto, é sim, ser especial, pessoas trazem situações especiais, coisas especiais, poesia e musica que não se houve por ai em cada esquina, claro, tem seu preço como tudo na vida, é de habito que estas pessoas tragam junto o dobro de problemas que as pessoas cotidianas, são mais complexas e de temperamento único, logo, feitas para pares especiais, também. É um grande erro persistir em uma convivência padrão com alguém assim, pode dar certo um, dois, cinco anos, mas uma hora, que seja antes do juízo final, mas alguém se liberta, uma vez em solo de poesia e encantos, de intensidade e cores sem fim, mesmo que por um minuto, não tem volta, os olhos enxergam um mundo diferente e cheio de possibilidades. Pode se aprisionar um pássaro, mas jamais você, homem comum que o aprisionou, vai voar ou um dia sentir a sensação de voar com as próprias asas. Se eu fosse um pássaro aprisionado, teria lembranças de quanto voei, e se solto, quanto poderei voar, e olhar para quem me aprisionou e pensar, ouça meu canto, ache belo, não entenda patavinas do que digo, e mesmo que entendesse, não compreenderia a intensidade de meu canto, de meu saber, de minha vida. Não importa o nome, apelido ou estereótipo que nos rotulem ou façam seus tortos conceitos, somos únicos e especiais, loucos ou não, não interessa, dizem por ai que loucos são como crianças, e que crianças são puras e capazes de amar incondicionalmente, logo, toda criança é louca, e ser for assim, sou eternamente, uma criança.