VALOR.

Qual é, de fato, o significado deste termo existente em todas as línguas, presente em todas as culturas, em todos os tempos e na idéia de cada ser humano individualmente? Tem ele alguma forma de dimensão padronizada ou uma unidade de medição pré-determinada que seja? Seguramente refere-se a uma quantificação, serve à situar uma relação entre duas ou mais ações; ou coisas de todos os tipos possíveis e imagináveis, mas como é ou pode ser ele determinado, de que forma ou formas se faz isto? Não sei! Curioso se responder “não sei” a algo que pratico, que praticamos todos, mas cujo conteúdo não é mensurável ou sequer uniforme apesar de comum a todos e importantíssimo na vida de cada um. Dele depende toda a nossa vida, desde como a vivemos até mesmo como morremos ou morreremos, é através dele que amamos ou odiamos as coisas e as pessoas, as situações e os fatos em geral e é através dele que pode-se avaliar a personalidade das pessoas, entre outras coisas, claro.

É através dos valores que atribuímos às coisas, e atribuir ai é exatamente o que fazemos, que geramos todo o nosso proceder, nosso modo de pensar e até mesmo nosso modo de gostar. Atributo é um valor próprio, inerente a determinada coisa, seja esta coisa concreta ou abstrata, em nosso caso ela é conceitual na medida que é formada por cada um de nós baseados no que idealizamos pelo que nos é imputado através dos costumes, crenças, valores e/ou educação (formal ou não) da sociedade a qual pertencemos e vivemos com sua de ser, de sua estratificação social e suas leis (escritas ou não). Daí resultam os hábitos variados (dos alimentares aos de procedimento), que carregamos durante nossa existência (ou parte dela); as ambições, maiores ou menores, presentes em cada um de nós e mesmo a definição das ações que estamos dispostos a tomar para satisfazer nosso(s) desejo(s). Tudo depende do valor estabelecido (por nós mesmos) a cada uma destas coisas.

Valor não é a mesma coisa que preço, o qual pode ser medido de várias formas:

- seja monetário, ao que mais associamos o termo e normalmente vinculado à moeda de compra;

- seja moral, o qual se dá quando nossa própria consciência nos recrimina por alguma escolha;

-seja social, que se dá ao sermos execrados pelos demais cidadãos pelas ações tomadas;

- seja legal, quando burlamos até a própria lei para conseguirmos nossos intentos;

Já com o Valor não há estes tipos de “pagamentos” na medida que ele é algo existente dentro de nós e o que nos leva, em última análise, a cometer ou não as nossas ações independente do preço a ser pago.

Na maioria das vezes nem nos damos conta que aquela vontade em possuir, em fazer ou em pertencer a alguma coisa e fruto de uma atribuição de Valor dada por nós aquela determinada situação e/ou coisa, mas é exatamente assim que ocorre e das maneiras o mais variadas possíveis. Dentre estas, noto serem as mais comuns, a carência de determinados itens ainda na infância, a qual vai gerando um desejo incontrolável de posse, de ter estas coisas para si independentemente muitas vezes de sua real necessidade; a cobiça crescente em ter cada vez mais que o necessário a uma existência confortável e digna para si e os seus; a vaidade de ter mais que os que estão a sua volta, provocando com isto a sua admiração e até mesmo sua cobiça em sua situação aparente; a sede do poder é também fator determinante em maior ou menos escala, para a maioria, no determinar valores às coisas; a vontade de ajudar seus semelhantes também é causa comum, apesar de muitas vezes difícil de ser executada isoladamente e cada uma destas, acrescidas de um sem numero de outras levam-nos a agir das diversas formas como agimos, desde a suave e amigável (sincera ou não), até aquelas de violência explicita e mormente descabida. Mas dependendo da sociedade e de suas regras estabelecidas (Valores majoritários), até a violência pode ser admitida como forma aceitável de procedimento para se alcançar determinadas metas e não me refiro aqui apenas a violência física (Valor mais comum atribuído ao termo), falo da violência social onde classes dominantes mantêm sob seu jugo as demais, usando o poderio econômico, o acesso aos meios de informação e educacionais, muitas das vezes mesmo desviando as verbas que corresponderiam à estas finalidades para projetos de seu inteiro interesse ou para seu próprio bolso de formas ilícitas. Em troca promovem o clientelismo e a pseudo-caridade, o que lhes garante a posição ocupada sem ameaças dos demais cidadãos, posto serem estes desinformados e ignorantes pelas ações citadas anteriormente. O Valor tomado pelos que fazem, sem duvida não é o mesmo Valor daqueles que sofrem estas ações, mas ao analisarmos veremos que ambas as partes se sentem satisfeitas, em quase sua totalidade, sendo os discordantes marginalizados ou tidos como eternos insatisfeitos e assim sendo não merecedores de maiores considerações em seus pleitos.

Creio que postos estes poucos fatos fica claro, que a degradação dos Valores é o mesmo que a degradação do ser humano, principalmente no plano moral, pois uma pessoa com uma mentalidade distorcida torna-se de pronto uma ameaça ao bem viver em qualquer comunidade, já que seus Valores sobrepujam qualquer senso de verdadeira justiça e do bem comum, o qual favorece não só a ela própria como aos demais membros com os quais ela não terá a menor identificação ou qualquer compromisso. E isto é exatamente o que ocorre em larga escala em toda nossa sociedade atualmente, seja através do “Espírito de Corpo” nas classes cultural e politicamente dominantes ou no pisar nos demais para assim ascender a uma posição melhor, nas classes menos favorecidas economicamente e esclarecidas culturalmente. Nas primeiras observamos verdadeiras “máfias” fazendo vigorar a proteção do ilícito, amenizando e encobrindo verdadeiros crimes de seus membros baseadas neste tal “Espírito”, que nada mais é que o medo de amanhã ou depois serem pegos em situações semelhantes. Nas outras a selva urbana, onde a lei é matar prá não ser morto (em alguns casos literalmente falando), já que os próprios que deveriam zelar pelo cumprimento das leis encontram-se em parte corrompidos e em parte de mãos atadas pela corrupção vinda dos escalões mais altos, exatamente aqueles de onde deveria partir o exemplo.

Por isto tudo pensemos em que Valores praticamos, pois estes serão os mesmos praticados amanhã pela demais gerações, afinal o exemplo maior vem sempre de casa e nada nem ninguém está livre dos resultados das ações cometidas, se não em si próprios, no que amam e prezam, no que dão VALOR.

DDJOMMA
Enviado por DDJOMMA em 10/07/2008
Código do texto: T1074056
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