Respostas sem perguntas

Não existem verdades nem mentiras, e sim o aceitável e o inaceitável. Isto em cada época, momento, cultura, enfim em determinado Ser. A cada nascimento se renova a busca pelo desconhecido. Vivemos num mundo, onde cada um de nós tem a prepotência de receitar a nossa panacéia. Como se tivessem a capacidade de se infiltrarem na nossa essência; destruir os medos, realizar os desejos. Isto seria impossível, pois a cada dia medos e desejos são mudados. Outros dizem possuidores da “verdade” e vieram tirar-nos da caverna. O mundo é composto de cavernas, de acordo com a conveniência escolheremos as nossas. Infelizmente, muitos não terão direito à escolha, porém não são obrigados a ficarem encasulados. Acredito que a única caverna concreta que existe é nossa própria mente. Não quero persuadir ninguém, apenas, no momento, penso assim. Alguns lêem muitos livros, e acham superiores, invulneráveis, porém não encontram nesses livros a cura: para a perda de um grande amor; a resposta do porquê da tristeza; o medo da solidão etc. não pensem que eu sei qual é a cura desses infortúnios, só sei que eles fazem parte da vida e ocupam o nosso vazio.

O ser humano é uma grande gaveta vazia, predisposta, a se encher do conveniente, porém o que te convém hoje, não necessariamente, convir-te-á amanhã. Sendo assim, quando perdemos ou abrimos mão de algo, necessitamos de outra coisa para substituí-lo, e até que o tempo traga tal coisa, a mente se propõe a preencher o local vazio com desmedidas alegorias. Ressalto que as medidas desta gaveta são estipuladas pela sociedade, família, cultura etc., portanto há pessoas com gavetas mais limitadas que outras, não me refiro a inteligência, não sou Hitler, refiro-me a capacidade de armazenamento que há em cada gaveta. E esta capacidade não é sinônimo de virtude, haja vista que o arrivista considera o dinheiro insuprível. Enfim, amigos, o tempo nem sempre trará respostas ou substitutos para as nossas lacunas, por isso tentam se preencher do simples, do acessível. O mundo armazena muitos conhecimentos, mas não são todos benéficos; a vida está cheia de ouro, a maioria: ouro de tolo, há várias perguntas sem respostas, existem inúmeras respostas sem perguntas, há uma só vida e diversas mortes.