A vida

Não queiramos entender o inefável, aquilo que não se explica. Esse é um bom começo.

Não nos afundemos em profundas angústias, por não entendermos o mistério da vida. Acho que basta contemplarmos tudo isso com alegria e o coração aberto.

Não nos iludamos com promessas e juras de amor. Elas são como as folhas ao vento. Mas não deixemos de ouvi-las, pois elas são como bênçãos.

Não sejamos tão crentes em nossos valores. Crer nisso é cretinice. Pois de uma hora para outra, certamente eles mudarão. E isso nos assustará.

Não deixemos que o conhecimento cegue nossos olhos, nem que tape nossos ouvidos. Assim como a ignorância nos deixa embrutecidos.

Não nos enganemos pensando que o maior, o mais demorado, o mais caro, vai nos trazer satisfação. Porque somos seres de falta, de carência. Sempre nos faltará algo. Sempre.

Não nos esforcemos para sermos quem não somos. Sejamos fortes para enfrentar a si mesmo e o outro sem tantas máscaras. Uma basta para representarmos nossa existência.

Não temamos à verdade, pois a mentira está condenada ao desvelamento.

Não deixemos que o ódio nos martirize. Nem que a mágoa e o rancor se prolonguem por muito tempo em nossos corações. Pois que a doença nasce desse mal-estar.

Não evitemos os bons dias. Nem abraços e apertos de mãos. Lembrando que essas coisas são fundamentais para a paz da nossa convivência.

Não nos esquivemos daquelas conversas essenciais, e dos fundamentais acertos de contas. Pois que é preciso colocar os pingos nos is, a fim de que nada fique subentendido. A fim de que não briguemos por nada.

Não esperemos que a vida seja sempre tranqüila e pacata. Pois que a vida é sinônimo de dialética e contradição.

Não pensemos que um dia não iremos errar. É melhor termos a certeza de que o erro é certo e fatal e que os acertos vez ou outra ocorrerão.

E não façamos da nossa prudência uma barreira ao novo e ao outro.

Por fim, que não tenhamos medo de amar. Pois sem o amor não haveria vida. Sem ele não existiríamos. Sem o amor ( ) não existiríamos (Nós).

Silvia Santana
Enviado por Silvia Santana em 31/07/2008
Reeditado em 14/07/2009
Código do texto: T1106646
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