Juntando cacos de vidro...

O QUE EU CHORO

De todas as coisas pelas quais eu choro,

e a que mais me machuca,

não é a tua ausência

Ou a tua indiferença,

Nem a tua mentira ou traição...

Eu choro é a mentira do teu verso!...

Ele foi entrada ao coração!...

Mentira das mentiras!... Como pudeste?...

É a imensa dor de ver teu verso mentiroso

Que me desfalece...

Não tiveste nem ao menos compaixão...

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DO QUE EU SINTO FALTA?

Eu não sinto falta de ti!

Não é de ti: é do teu verso

adverso...

Que, em sendo só mentira,

Alimentava meu sonho e ilusão...

E me fazia canção...

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O AMOR QUE SOBREVIVE

O único amor que sobrevive

é aquele com quem não se convive!

É aquele que é feito da lembrança

do que, um dia, "se pensou que foi..."

Ou da Esperança

Do que poderia vir a ser...

O amor que sobrevive é aquele

em que o ser amado é sempre ausente...

E, por ser ausente, está presente...

E nele

achamos sentido para a vida...

- Ou... sobrevida??...

Ou... viver morrendo a vida?...

Ou...

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Por causa da tua mentira

eu finjo que acredito

em todas as inverdades...

Mas me sinto só.

Terrivelmente só.

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Cansei esperando a tua volta...

Não mais te esperarei! Vou te esquecer!

-... Mas... e se um dia ele voltar para me ver?...

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Eu sabia que tudo era mentira e falsidade!

Eu sempre soube...

- Mas... E se fosse verdade?...

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Eu jamais amaria um covarde!!

Mas... Como é que eu te amei?....

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Há momentos em que o definir-se

é ponto de honra!

Há momentos em que o calar-se

é ser sábio.

Mas há outros momentos

em que calar é pura covardia...

"Ser ou não ser?..."*

Ainda é sinal de honradez

(- Ou a honra "já saiu de moda?"...)

o definir-se, o falar, o se comprometer!

Para onde está caminhando a passos largos

"o meu Brasil brasileiro"?...

Oh, meu povo! Desperta da tua letargia!...

Parecemos, como povo, um grande camaleão

que muda a cor, conforme a situação!

- "Liberdade, ainda que tardia!..."

NOTA: * SHAKESPEARE

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MEU AMOR:

Mais outra noite...

Eu adormeço vazia

e balbucio

uma oração para ti...

Depois... me deito

mas desperto

e ergo-me da cama!

Chegando à janela

na noite estrelada,

baixinho,

eu te suplico:

- Não me esquece!...

E peço ao vento da noite

e ao Anjo da Guarda

que leve minha oração para ti!...

Elevo meus olhos

Aos mil das estrelas

(Mil olhos de deuses me fitam de lá!)

E rogo a essas luzes

da flama Divina

assim engastadas no teto do céu,

que te dêem proteção,

e concedam a Paz,

que te dêem proteção e te tragam a Paz!

Aos Anjos do além,

e à luz estelar

confiarei!

E, feliz,

rezando por ti,

adormeço a sonhar!...

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Um dia me disseste:

- "Se minha vida fosse minha,

eu te daria!

Mas nem a vida me pertence..."

(Oh, se eu soubesse

o quanto me enganarias!!...)

- E... eu ainda me comovia!...

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Nesta noite de inverno pampeano

eu me enrodilho no poncho

e o fogo de chão me aquece...

- Mas minh'alma não te esquece...

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Estas velhas poesias...

A lágrima que escorre muito mansa...

- E eu ainda te espero...

(Mas sei que jamais virias).

- Mas eu ainda te quero

mesmo sabendo

que jamais voltarias...

Subjacente à minha revolta

Há um imenso perdão...

(Do qual te ririas...)

- Hoje... eu as escreveria??...

Estas velhas poesias?...

Não! Só estou registrando

minha dor... e constatando

minha imensa solidão...

E a grande decepção...

(E a tristeza de te ver

sem conseguir te entender...)

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ESPERANÇA
Enviado por ESPERANÇA em 15/09/2008
Reeditado em 16/09/2008
Código do texto: T1180048
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