Filosofia, ideologia e adolescência

Peguei no sono, no final da tarde, e quando estava prestes a acordar aconteceu algo que há tempos não acontecia.

Um sonho interessante.

No sonho eu assistia uma palestra onde eu era o palestrante.

Eis o que saiu deste sonho:

Estava sentado na primeira fila, esperando o início da palestra que poderia mudar minha vida.

A própria revolução do ser e estar.

Talvez a dúvida que a arte tanto tenta demonstrar seja mais fácil de ser respondida.

Por que existe um Deus e não o nada?

- Senhoras e senhores, aplaudam o autor do livro: Os conceitos de auto-afirmação e iconoclastia. - Encantado, o locutor.

Todos ali eram leitores assíduos de filosofia do século XVIII.

E todo leitor desta aprende a não fornecer poder a ninguém.

Aplaudir algo é diminuir-se.

Assim como caracterizar algo como verdade absoluta.

Não podemos pensar que algo existe sem uma comprovação ou várias.

E mesmo que venham várias confirmações, temos a obrigação de colocar a dúvida em primeiro lugar.

Mesmo que a tendência seja seguir o rebanho atrás de um pastor.

- Eu não estou aqui para ensinar a pensar, pois isso não é filosofia.

Vou expor meus pontos de vista e espero que fiquem calados, não por respeito, mas por consciência. - Falou, Rique Farr Sunsa.

- Então, o filósofo não ensina o pensamento crítico? - Perguntou o locutor.

- Meu caro, o ato de pensar não é ensinado, ele reaparece com características semelhantes àquelas que já presentes na sua família.

O pensamento crítico, ainda mais, o filósofo não ensina.

Ou melhor, ensina, quando quer fazer uma lavagem cerebral.

A indução de uma pessoa a fazer e crer em determinada coisa.

Acontece muito e a maioria dos que fazem isto não são filósofos.

A filosofia é atrelada a isto porque o homem retira a casca e deixa os frutos apodrecerem.

- Quando você fala da retirada de uma superfície, na verdade, quer falar que o homem utiliza a filosofia àquilo que ele necessita? - Perguntou, uma senhorita que estava sentada ao meu lado.

- Exatamente, senhorita.

Geralmente o que interessa ao homem é o poder e este só vem quando purificamos o que não pode ser purificado.

Um grande exemplo disto é o que se passa nas ditaduras, nas religiões evangélicas e em qualquer linha onde o certo é absoluto.

Numa ditadura, o homem, usa uma ideologia para atrair outros homens.

É o espírito de rebanho.

Hitler utilizava sua dialética perfeita, discursos acalorados, para expor seu ódio aos semitas.

Assim como um pastor de uma igreja utiliza a mesma dialética de Hitler só que para atrair as pessoas para uma vala.

Esta vala é o final do pensamento próprio. Quando o homem deixa ser dominado por outro.

Então, segue-se tudo aquilo que o mestre da dialética fala.

A filosofia vem, então, para balancear.

Ela oferece indagações para que o homem as utilize em sua vida e torne-a menos alienada.

O problema é que não vemos a filosofia e a ideologia como uma coisa só ou quando vemos fazemos uma ligação errada.

- E a relação do jovem com a filosofia? Por que é tão intensa a admiração pelos filósofos que são contrários ao absoluto? - Perguntou uma senhora.

- Bem, vamos lá.

Esta relação deve ser contida, organizada.

Um jovem não pode começar a ler filosofia por Schopenhauer ou Nietzsche.

Por ainda estar em formação pode ser prejudicial.

A tendência do jovem é se encaixar em algum estereotipo, ele não quer ser o nada, o ninguém, não quer ser o mais amado.

Ele quer o meio termo.

Onde ele é amado e odiado.

A admiração é causada pelos conflitos interiores do jovem.

Ele quer ser a revolução, assim como foram tais filósofos.

Ao ler sobre rebeldia, destruição de dogmas, ele pode agir impulsivamente e acreditar piamente no que lera.