Sem Título #4

Hospitalizada, num coma semiprofundo.

A aparência engana, parece uma grande serenidade, límpida e inocente, mas na verdade, completamente dopada.

Adormecida, minha consciência permanece intocada em sua essência. Mas isso passa.

Mamãe adora me ver dormir, devidamente protegido de mim mesmo. Mas para a alegria de uns e tristeza de outros, isso também passa e logo desperto atirando raios da morte e de vida pra todos os lados, no pique e com força, sorrindo e falando e correndo ou mesmo parado, apenas olhando com aquele olhar que ninguém entende.

Carrego algumas cicatrizes, e o lado ruim é que elas vão ficar ali pra sempre, me lembrando do porquê delas existirem. O lado bom é que a maioria não doeu na hora.

Acredito em coisas que não pratico, e pratico por vezes coisas nas quais não acredito. Noto as nuances mais belas, mas no papel jogo toda a sujeira, o lado B.

Contraste e non-sense, talvez um reflexo do Mundo, talvez pura vontade de ver tudo se foder, não sei ao certo.

Ina, Ina, Ina, o que o Marvin quer? Paz de espírito, cara. Só. E não, eu não fumo crack, mamãe.

As pessoas falam demais, por isso vivem menos. Acostumadas com as novelas e não satisfeitas, elas invadem realidades alheias. Tsc.

Muita gente morre esperando uma grande Revolução, ou uma simples reviravolta, um vento sul, algo que os devolva à rota imaginada, mas simplesmente não se movem, nem um passo, nada. Então nada NUNCA muda, e a culpa NUNCA é própria, e sim arremessada pra quem quer que seja. Isso é piada.