In Satisfação

Sou um infinito espaço numa cápsula de remédio

Nessas desventuras onde repousa todo tédio

Eu me calo e acalmo na detida hora certa

Me retraio e me espalho, porta fechada ou porta aberta

Flamejante e intransigente olhar de 'quero que mude'

Verdejante sombra ereta faz do sol sua amplitude

Cataclisma, catavento, girassol, redemoinho

Face errante, face esbelta, mendigando por carinho

Todavia, toda hora é já fato consumado

Tira a roupa, tira a mesa, tira o disco do armário

Nesse ínterim, no contexto, faz de mim o que quiser

Sua escrava, sua deusa, sua mãe, sua mulher

Na verdade o que mais quero é algo tão inexplicável

Que um olhar será mais expressivo que algo digitado

Então se ponha, me proponha, sem falar nem indicar

Faz de mim sua luneta e amplie seu olhar