Quem quiser que fique com a esperança.

Não creio em Deus, santos, almas e divindades mil. Como diz Nego Leléu: quem quiser que fique com a boca aberta olhando para o céu, quem vem um urubu e defeca na sua boca.

Acredito na humanidade, na luta, no trabalho e no pensamento do homem, na vida. Na capacidade que o ser humano tem de mudar sua realidade, transformando em algo para o bem comum. Creio na cooperação entre os seres, da vida em conjunto promulgando seus conhecimentos.

Não posso acreditar num poder divino “superior” que julga, pune, vinga-se, oprime e humilha. Poder esse que enaltece uma raça, que separa os homens em classes dividindo-os socialmente e que quer definir seus destinos.

Creio sim, na justiça e na vida que para Bakunin é a entidade acima de qualquer outro poder. Seja ele jurídico, político, ideológico ou qualquer outra relação que tente se sobrepor a existência humana e sua vontade de viver em comunidade. Entidade superior a qualquer poder que queira fazer dos homens seres isolados sem a vontade de cooperação.

Peço a vocês, meus amigos, que não fiquem iludidos achando que haverá um final feliz, na esperança de que tudo acabará bem, pois é isso que esse Estado capitalista quer: que continuemos com essa tal esperança, esperando um final bonito, alegre e bom para todos. Isso é o que sustenta esse sistema. Não quero aqui, também, esfacelar de uma vez seus preceitos, crenças e aspirações. Quero apenas que reflitam sobre essas questões de essencial importância para a manutenção desse Estado opressor ou para a continuidade da nossa própria existência.

Pense que Deus pode ser uma construção histórica, criada por uma determinada camada social, para separar os homens e promover a dominação de uns perante outros. Reflitam companheiros, e digam-me se a vida (essa chance que você, espermatozóide fundido a um óvulo, teve de entrar e participar desse admirável mundo, e ter a oportunidade de pensar e argumentar) se essa idéia de vida que te passam não é uma montagem das classes dominantes que quer vê-lo aí parado, vendo tudo passar e acreditando que tudo dará certo, se submetendo a um poder divino celestial que julgará e fará justiça aos homens bons aqui da Terra.