Cubo

Ontem meu celular tocou, era um cliente que muito bom para mim. Fui ao seu encontro, mas foi diferente dessa vez. Dessa vez encontraria duas pessoas ao mesmo tempo, Luciano e Tino Neto, o segundo não sabia onde o havia deixado.

Luciano contente com o resultado quase final para que me contratara, o Tino ainda não o tinha visto. Passei a mão em meu mp3 e parti para vê-los, peguei o primeiro ônibus que passou no ponto em sentido contrário ao que deveria ir. Que viajem!

Sol queimando na cabeça, bocas batendo sem som, barulho mesmo só o do motor do buzão, mas bem baixinho.

Será que vou ficar surdo? Tomara que não, ouvir é massa, há vezes!

Cheguei à empresa do Luciano, para variar fui tratado como no interior.

- Menorzinho Tino?

- Não valeu!

- Água?

- Só se for gelaaaada!

- Ta rolando!

- Então venha, com essa ai mermo!

Conversa de Baiano, vai tentar entender! Só entende quem tem dendê na veia!

Sentei-me na cadeira de Luciano parecendo eu ser o dono daquilo lá, inda bem que pulei essa fogueira, não daria pra ser mesmo. Mostrei o site deles, adoraram. Correções e mais correções, tem que ser assim, tudo chato é descartável.

Acertei o que devia ser acertado, bebi mais um copo de água. Daquela mermo!

Pus novamente meus fones, fui em direção ao ponto do buzú, entrei, sentei e já que não tinha mais que supor o que teria que fazer, pensei na vida, que por sinal ta meio embolada.

A vida pode ser definida com uma única palavra, FODA. Que nesse caso específico não é sempre negativo, pode ser positivo, e como!

Ex. negativo: Ta foda!!!!

Ex. positivo: Sou fodaaaaa!

Quando me aproximava da estação central de transtorno, vi que era quase pôr-do-sol, poxa, tava pensando na vida, ouvindo um som “foda” (positivo), fiquei ali mesmo. Pensando em tudo, revendo fatos, revendo, revendo e revendo.

É complicado ter as coisas, pessoas, sentimentos e de repente, não os ter mais. No momento em que sentei de frente para a Lua diária, senti que eu estava ali, antes mesmo de chegar, quando me vi devo confessar que me emocionei, coisa rara na verdade. Apertei as minhas mãos, me olhei bem sério e disse:

— Ta na hora de conversarmos?

— Acho melhor agora, não sei se vou te ver daqui por diante!

— Por onde começamos então?

— Pelo fim é mais legal, vamos nessa!

Sabe aquele joguinho insano de montar figuras num cubo? Estava assim mesmo, difícil de encaixar comigo mesmo!

Não vou contar os detalhes, imagina ai pow! Sai de lá como Narciso, mas sem o espelho!

Cheguei em casa, hoje quero um pôr-do-sol diferente, já o achei, mas será que estarei lá comigo? Tem coisas que são o que são, outras mudam. Metamorfose, legal isso, mas não se perca, dá trabalho para costurar sua alma novamente!

Tino Neto
Enviado por Tino Neto em 30/10/2008
Código do texto: T1256560
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