ser sente-se só, a cada passo do tempo

Quando o mato geme em cálido encanto...

com o vento em seu límpido verde tocando...

o que ouço é uma limpa voz...

dizendo para eu deitar com cuidado...

e então adormecer em tranquilo sono...

em meio a insetos nervosos...

em meio a humanos nojentos...

enquanto nasce a lua entre as nuvens...

e meu ser desperta procurando curvas...

entre as árvores que se entortam...

entre as margens do rio que corre...

entre as dores que agora voltam...

a tomar conta de um ser patético...

que sempre procurou por um momento...

em que pudesse descansar só...

em meio a nada e só...

onde só haveria o vento...

e uma paisagem...

gigante como o tempo...

onde a chuva pudesse tocar...

sem medo o chão e o molhar...

e fazê-lo chorar de saudades...

do tempo em que vivia...

e não morria com um nó...

no pescoço...

enforcado...

suado...

estreito e menor que tudo...

mas o ser prometeu a si mesmo, antes de ter tais pensamentos, deixar que seus pensamentos fossem embora e nunca mais tomassem conta de sua mente...e o fez, deixando a vida, a morte, o sofrimento...

Epa Filho
Enviado por Epa Filho em 20/03/2006
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