Adoro minhas sextas

Tudo já havia sido marcado sem mesmo saber para onde iríamos, como seria e principalmente o que nos aguardava lá.

Saímos nós dois ao encontro de amigos, sem ter a certeza de quais seriam, quantos sorrisos ou até mesmo possíveis lágrimas nos encontrariam.

Chegamos e pomos nossos assuntos passados em pratos limpos feito irmãos fazem quando passam muito sem se ver, mesmo nos vendo todos os dias, quase.

Os sorrisos vêem, porque somos assim, sorrimos até mesmo quando as lágrimas teimam em querer brotar dos olhos cansados de ver tanta dificuldade em quase tudo, a briga é grande, mas a superação é bem maior.

Confissões de todos os dois lados, essa vida é fogo, queima quieto sem abrandar. Amigos chegaram meio a uma solidão momentânea causada pela necessidade de outro que ali não estava. De braços dados com os amigos, vieram amigas dos amigos, desconhecidas de fato, mas que nessa sexta pelo menos uma deixaria de ser, de batalha em batalha se vence a vida.

Muito bom não se ter previsão das coisas simples da vida. Muito bom olhar um rosto e sentir que ainda há pureza, nem que quando fragilizados, excelente quando notamos numa ponta da retina o quanto as pessoas precisam de outras mesmo que não se deixem ser assim.

Ela estava ali e para mim antes era de todo pura fortaleza de certezas, feito pilar que segura miolo de casa desgastada com o tempo. Sempre há via distante, sorriso muito recalcado, tímido talvez. Cabelos longos desfilavam ao atravessar aquela rua curta como ponte de riacho que teima em não morrer.

A cada passo que dava sentia que essa sexta não seria como as outras que havia passado em sua companhia, essa seria bem diferente.

Sentamos e conversamos coisas entre mil pessoas reunidas apenas em seis mentes diferentes que ocupavam espaços complementares. Falamos de tudo quase, nada em especial, mas o universo não está aqui para que nosso umbigo seja buraco negro nas esquinas dos desejos fúteis.

Brincamos da dança da cadeira e num segundo eterno me notei ao lado daquela que me parecia forte, meio tímido dei-a um boa noite quase sem voz, mesmo tendo um urro de animal agarrado em minhas pregas vocais, olhei-a novamente e vi que lhe faltava algo, dentro dela, não sabia explicar exatamente o que lhe era necessário para que visse aquele sorriso visto distante mente por mim tantas outras vezes.

Mais uma dose, duas, três e tcharammmmm, brotaram conversas e afinidades de onde jamais pensei que existissem, assuntos, brincadeiras impossíveis para quem se conservam afastados não por vontade, mas porque são assim, diferentes.

As horas passando e à cada instante conseguia deixar com que sua alma, seus anseios se desnudassem diante dos meus olhos, vi seu coração mas não sei explicar como, vi seus pensamentos sem ter noção de que não eram meus, toquei seus sentimentos supondo que faziam parte de mim e diante de toda esse apogeu momentâneo de coisas e sentimentos inexplorados, notei que se tratava de outro como eu, que mesmo tendo, sendo e querendo, continuamos carentes de algo maior que possamos imaginar. Amor...!?

Tino Neto
Enviado por Tino Neto em 11/11/2008
Código do texto: T1277116
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